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A guerra também nas estradas

A mobilidade é uma necessidade humana de extrema importância. Não é preciso pensar muito nem grandes justificações para classificar o automóvel como o meio mais disponível e importante para satisfazer essa necessidade. É suficiente reparar à nossa volta quantos há em cada família prontos a usar e quantas vezes o fazemos ao dia. Essa utilização intensiva do automóvel tem múltiplas consequências. Para além das que ocorrem ao nível da poluição, que se reportam à sustentabilidade do planeta e às condições de vida num futuro próximo, interessa abordar apenas as resultantes dos acidentes rodoviários.
Num estudo científico recente, apresentado em 17 de Março, pela ANSR em conferência pública, disponível na Internet1, os investigadores calculam o custo económico e social de todos os acidentes rodoviários registados no país, no ano de 2019, comparando alguns valores com o total da riqueza nacional. Assim estes acidentes, em 2019, tiveram um custo económico e social de 6.422,9 milhões de euros, valor que representa 3,03% da riqueza criada no país nesse ano. Nos cálculos apresentados para estimar os valores definidos são tidos em consideração os custos humanos, as perdas de produção devido às consequências pessoais, os custos médicos ou de saúde, os danos materiais, o custo administrativo e outros não materiais para as vítimas, as famílias e a sociedade.
Neste estudo é também estimado um custo económico e social para cada tipo de vítima. Assim uma morte vale 3.055.358 €. Um ferido grave 530.828 € e um ferido leve 49.953 €. Entre outros valores estimados salientar ainda que domingo e agosto são o dia da semana e o mês do ano em que o custo da sinistralidade é mais elevado.
Com alguma frequência vamos tendo conhecimento de campanhas, acções de sensibilização, operações especiais de fiscalização rodoviária, sobretudo em dias e locais festivos mais propícios à mobilidade das pessoas cujo objetivo é sempre aumentar a visibilidade policial, reduzir a criminalidade e o número de acidentes. Os principais fatores de risco e gravidade dos acidentes também estão já bem identificados. Os excessos de velocidade e de álcool, a utilização do telemóvel e a não utilização do cinto de segurança ou sistemas de retenção adequados para crianças são os mais preocupantes.
Tendo em conta o balanço da “campanha da Páscoa 2022” que, no período de 5 dias contabilizou 5 mortes, 37 feridos graves e 456 feridos leves, num total de 1352 acidentes (http://www.ansr.pt/Noticias), considerando os valores estimados para as vítimas no referido estudo, esta campanha terá tido um custo económico e social superior a 57 milhões de euros.
Também a guerra na Ucrânia continua. Os relatos das atrocidades são cada vez mais tal como as vítimas. As sanções impostas ao agressor não têm sido dissuasoras. Para quando medidas que tenham mesmo significado. Por exemplo o fecho das embaixadas em Moscovo e a expulsão dos embaixadores russos das capitais do ocidente.

1 Silva, C. M., Bravo, J. M., Gonçalves, J. (2021). Impacto Económico e Social da Sinistralidade Rodoviária em Portugal. CEGE - Centro de Estudos de Gestão do ISEG e Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), Lisboa, Março. Estudo “O impacto económico e social da sinistralidade rodoviária em Portugal”.pdf (ansr.pt)

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