João XXI (Pedro Hispano) - o Papa Português
Nem todos os portugueses sabem que JOÃO XXI, foi o único Papa português, (até aos nossos dias…). Este Papa, conhecido por “Pedro Hispano”, foi o 187° Papa da Igreja Católica. Mas quem foi João XXI? :“Nascido sob o nome de Pedro Julião, conhecido por Pedro Hispano nos meios intelectuais e académicos do seu tempo, o homem que adoptou o nome apostólico de João XXI (1276-1277) continua a ser o único português a figurar na longa galeria de sumos pontífices da Igreja Católica Apostólica Romana”. Pedro Hispano foi eleito por consenso, em 16 de setembro de 1276, durante o conclave realizado em Viterbo, apesar da sua eleição ter sido bastante atribulada, como era habitual naqueles tempos. “João XXI, nascido Pedro Julião Rebolo e mais conhecido por Pedro Hispano (nasceu em Lisboa, em 1215 e faleceu em Viterbo em 20 de maio de 1277) foi Papa desde 20 de setembro de 1276 até à data da sua morte, tendo sido um também um famoso médico (o seu pai também teria sido médico), filósofo, teólogo, professor e matemático português do século XIII”. Pedro Julião era um grande sábio que teve várias experiências universitárias, quer como aluno, quer sobretudo como mestre, o que o levou a ser muito apreciado. Também era um político, como não podia deixar de ser naquele tempo: ”Uma aprendizagem feita, primeiro, nos bastidores da corte portuguesa de D. Afonso III e, mais tarde, na frequência das câmaras apostólicas de vários papas que o antecederam”. Além de um grande viajante era um enorme erudito, tendo uma larga carreira na sua vida, senão vejamos: “Ele foi cónego, mestre-escola e deão em cardeais; prior da mais importante igreja do seu tempo; bispo eleito da principal diocese do reino; alguém que também se destacou como confidente e conselheiro de reis, possivelmente médico e inquestionável comissário de papas, cardeal de Roma, e, finalmente papa da Igreja Católica”. O século em que nasceu, viveu e morreu (século XIII), foi um século novo, bem diferente da Alta Idade Média, e já anunciador de um humanismo renascentista, com a introdução de uma nova mentalidade e uma nova sociedade, mais virada para o progresso económico, técnico e acompanhada também por um crescimento demográfico. O ensino estava quase todo nas mãos da Igreja, daí que o conhecimento e a cultura escrita se tenham desenvolvido muito e a Igreja tinha a função de formar homens de letras, negócios e até de leis. No século XIII, consolidam-se e multiplicam-se as universidades e outros centros de estudo. Este século foi também um século de peregrinos, de viajantes e de mercadores. O estilo gótico expande-se, uma vez que houve amplos progressos no domínio da arquitetura e das técnicas para ele encontrado, na sua feitura. Daí que clérigos, como Pedro Hispano (intelectual e letrado), tenham tido um grande valor e prestígio. Como dizia Luís de Camões: «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades». Daí o sucesso do Pedro Hispano (mas também os muitos inimigos, que isso cria, como sabemos…), o que pode explicar a sua curta vida de papa, de 20 de setembro de 1276 até 20 maio de 1277 (foram apenas 8 meses), tinha 62 anos, quando faleceu. Morreu sete dias após a derrocada da abóbada do seu aposento, no palácio apostólico de Viterbo e está tumulado junto do altar-mor da Catedral de São Lourenço, em Viterbo (onde se encontrava sedeada a Cúria papal, naqueles tempos). Pedro Hispano, ao longo da sua vida, adoptou sucessivamente os nomes de Pedro Julião como nome de baptismo, Pedro Hispano como académico e João XXI como pontífice. A sua eleição como papa, foi em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V (seu antecessor), a 16 de setembro de 1276. Nesta altura decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e, inclusivamente com alguns cardeais a sofrer violências físicas. Como se disse, foi eleito Papa a 16 de setembro e coroado a 20 de setembro de 1276, e adota, como papa, o nome de João XXI. Mas qual foi a importância deste papa português? Vejamos, em maneira muito sucinta, um pequeno balanço do seu contributo: O papa português viveu num tempo muito tormentoso: “Um século de paradoxos; feito de tolerância e de fanatismo; de fome e de opulência; de tradição e de inovação; de apelos à paz e de exortações à guerra; condicionado por algemas e grilhetas, mas também espaço ímpar de movimento, de descoberta e de liberdade. (…) Uma revolução de mentalidades estava em marcha, e com ela chegava o ocaso de um certo mundo e anunciava-se um outro, que estava eminente”.
(continua na próxima ediçã