A opinião de ...

Plano de ajuda às famílias: Um festival de demagogia a roçar a desonestidade

Depois de um longo verão à espera do tão ansiado plano de apoio às famílias, no passado dia 5 do corrente, através da voz autorizada do próprio Primeiro Ministro Dr. António Costa, numa espécie de exórdio à campanha gigantesca de pura e refinada demagogia, quase a roçar o ridículo, através da qual, nos dias seguintes, algumas das mais destacadas figuras do governo, em sucessivas e mal preparadas conferências de imprensa, monopolizaram toda a comunicação social, numa tentativa desesperada de explicar o inexplicável, desvalorizar as inúmeras gafes e contradições lançadas nesse dia e, ao mesmo tempo, com um golpe de rins, “venderem” o que o governo tinha na manga para controlar a brutal inflação atual que, a continuar assim, não deixa antever nada de bom para os tempos que se aproximam.
Só que as coisas já não funcionam assim.
Com as atuais facilidades de acesso à informação, esta maneira de fazer política e governar será sempre uma autoestrada aberta para o fiasco e para o ridículo, situação bem patente no espetáculo deprimente de insegurança, de impreparação e de incompetência exibido em repetidas conferências de imprensa, numa tentativa desesperada, desonesta e imoral de, mais uma vez, terem a coragem e o desplante de ignorando os direitos dos pensionistas, gozarem com situação delicada dos milhares deles que, com os seus descontos de décadas, foram os grandes municiadores das reservas da Segurança Social.
Explicação para tamanho desaforo ?
Muito sinceramente, opto pela atitude mais cómoda, limitando-me a dizer que não se me oferece nenhuma explicação racional e plausível, esperando que, se existir, alguém tenha a coragem de a revelar.
A ser assim, por uma questão de direito e da mais elementar justiça, seja a que pretexto for, os pensionistas nunca poderão ser tratados como vulgares beneficiários da caridadezinha de um qualquer mísero subsídio, disto ou daquilo, “dado” (imagine-se!), compassiva e generosamente pela política de um qualquer governo, tentando esquecer que os pensionistas, depois das suas, não raro, longas e difíceis carreiras contributivas para a segurança social, têm todo o direito de ser os primeiros e os grandes beneficiários a usufruir do retorno equitativo dos descontos de toda uma vida de trabalho.
Nestes termos, se os ilustres e devotados autores da parte do pacote de auxílio às famílias dedicada aos pensionistas tiverem de bom senso e de dignidade o que, manifestamente, lhes sobra de demagogia e de incompetência , mesmo assim, com coragem e hombridade, assumam que cometeram um lamentável erro de palmatória, porque, mesmo não remediando todo o mal que já foi feito, e foi muito, pelo menos, talvez possam contribuir para que as esperadas sessões de pancadaria, mais que merecidas, previstas e anunciadas pelo Dr. António Costa em Leiria, não façam muitos estragos nas cabeças e nas costas dos seus indefetíveis apaniguados.

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3901

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