25 de Novembro de 1975: os protagonistas
No nosso último artigo (6 de Novembro) fizemos o enquadramento geral do «25 de Novembro». Identificámo-lo como uma resposta do Presidente da República e do Conselho da Revolução, através dos militares democratas pluralistas, do Regimento de Comandos da Amadora, do CIAC de Cascais, da EPI de Mafra, do RC de Estremoz, da EPC de Santarém, da força aérea de Cortegaça e de uma Companhia de Operações Especiais, de Lamego, a uma indisciplina militar dos Paraquedistas de Tancos, manipulada pelo Partido Comunista e pela Extrema-Esquerda e transformada em golpe revolucionário político-militar, com adesão do RALIS, de Lisboa, do RC 7 de Lisboa, da PM, de Lisboa e, inicialmente, dos Fuzileiros.
O protesto militar teve origem na dissolução do Regimento de Tropas Paraquedistas, de Tancos, pelo Conselho da Revolução, e a revolta foi apoiada por Otelo Saraiva de Carvalho e pelas unidades antes referidas.
O aproveitamento pelo PCP e satélites do protesto respondeu a um ultimato do Regimento de Comandos a Costa Gomes exigindo a demissão de Otelo e Carlos Fabião por causa da desordem, da indisciplina e da instabilidade que se vivia no país e nas forças armadas, que não era mais suportável por uma única entidade militar disciplinada. Assim, a ação do PCP pretendeu manter a pressão e dinâmica revolucionárias de natureza comunista sobre o Governo e sobre as forças armadas. Por outro lado, pretendia também responder ao Conselho da Revolução que havia substituído, em 19 de Setembro, o V Governo Provisório pelo VI, presidido pelo Almirante Pinheiro de Azevedo, que já não obedecia docilmente ao PCP.
Os militares estavam divididos em dois grupos – os radicais, afectos ao PCP, e os moderados, apartidários e respeitadores do Documento dos Nove, de 8 de Agosto, e dos resultados das eleições de 25 de Abril.
O Conselho da Revolução consciencializou-se da gravidade da situação no dia 12 e 13 de Novembro, aquando do Cerco da Assembleia Constituinte por trabalhadores da construção civil, mobilizados pelo PCP e pela CGTP, durante 36 horas, alimentando os deputados comunistas e não respondendo aos apelos dos restantes. Por sua vez, os militares moderados entenderam que era hora de repor disciplina e ordem nas forças armadas seguindo-se a extinção do Regimento de Tancos, no dia 17, a substituição de Otelo por Vasco Lourenço no dia 20, a divulgação de uma versão aceitável do ultimato do Regimento de Comandos «(estamos disponíveis para as acções que Vossa Excelência, Presidente da República, entenda necessárias»).
A isto responderam os «páras», ocupando várias bases aéreas, sendo apoiados pelas outras unidades militares, já mencionadas. Ramalho Eanes, Melo Egídio e Jaime Neves propuseram então uma resposta em conformidade e o Presidente da República anuiu pedindo a Ramalho Eanes o comando da reposição da ordem e a Jaime Neves e aos Comandos a ação militar necessária.
O Partido Comunista, vendo a impreparação dos «radicais» e instado por Breznev, por exigência de Gerald Ford, a suspender a rebelião, fê-lo sem qualquer explicação, que só seria dada em 2007, por Zita Seabra, no livro «Foi Assim».
E assim foi. Comemorar o 25 de Novembro sem o 25 de Abril não faz sentido. Eles são um em dois.
