A opinião de ...

CIM- TTM (Comunidade Intermunicipal das terras de Trás os Montes)

 
No passado dia 7 de Novembro estive em Bragança, veneranda cidade capital do Nordeste trasmontano, para presidir a mais uma sessão da assembleia da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás os Montes, visitar velhos e novos amigos e ainda alguns lugares a que a minha memória de jovem estudante liceal me liga e repete sempre com saudade. É um exercício que me desperta prazer e que ora faço na companhia da mãe de meus filhos que gosta de ouvir e procura saber o percurso histórico de tanto e tão valioso património cultural da urbe bragançana, onde justificadamente não falta o prodigioso roteiro gastronómico.
Suponho que infelizmente só um número muito reduzido de cidadãos saberá o que são e para que servem as Comunidades Intermunicipais, uma nova figura da administração do território, mas a sessão a que atrás me refiro correu bem, tendo havido boa e activa participação por parte dos seus membros que aprovaram por unanimidade os relatórios e programas de actividades futuras, que antes o dinâmico e sempre disponível Eng. Rui Caseiro, Secretário Executivo deste órgão havia dado a conhecer e explicado com rigor.
Do programa antes estabelecido constava ainda a apresentação e discussão do “PEDI”, Plano Estratégico de Desenvolvimento Intermunicipal das Terras de Trás os Montes para o período 2014-2020, introduzido e apresentado com grande detalhe pelo Dr. Américo Pereira, presidente do Conselho Directivo e muito comentado pelos participantes, o que a meu ver testemunha a importância do referido estudo para a região, devendo por isso merecer a demorada atenção e se possível, comentário de todos, não apenas dos eleitos e parte da assembleia, mas dos demais cidadãos interessados no progresso da sua terra e região.Trata-se na verdade dum documento bem elaborado, com um conjunto de informações actuais e valiosas tornando-se por isso um suporte para estudiosos e interessados no actual panorama da região definida pela nova comunidade e também sobre o seu futuro próximo.
Pena é, a meu ver, que esta valiosa peça de estudo não diga respeito a Trás os Montes na sua plenitude, ou seja, no seu conceito clássico, tradicional e secular duma região geográfica definido pelo percurso dum rio magnifico, turbulento no passado agora amansado pelas barragens da poderosa EDP e pelos acidentes orográficos do conjunto Marão e Alvão e que ao longo de muitos séculos criaram uma região e um povo de características e perfil psicológico que ainda hoje se mantem e este modesto escriba se orgulha de pertencer.
Daí que, na nossa opinião, não estiveram bem os legisladores nem os políticos responsáveis por esta fractura territorial e administrativa, nem tão pouco estiveram bem os trasmontanos que não souberam gritar e reclamar a seu tempo desta decisão que bem merecia por parte dos trasmontanos uma séria, demorada e profunda reflexão! Mas gritar ou reclamar sozinho, como diz e bem o Dr. Américo Pereira, não vale a pena pois ninguém certamente ouvirá!
Por isso, é cá minha convicção, tal como muitos conterrâneos, que só uma grande Comunidade Trasmontano-Duriense poderá garantir peso territorial e demográfico e em consequência ser determinante na defesa dos interesses regionais face à tradicional indiferença da capital política e à obtenção de fundos comunitários tão necessários ao nosso desenvolvimento. Esquecer esta realidade que é vital às nossas legítimas aspirações, é ceder a interesses de grupos mais preocupados com pequenas questões e proveitos pessoais do que com o interesse da grande região de Trás os Montes que o tempo e os homens definiram ao longo dos séculos.
Sabendo de antemão que só a união faz a força, que bonito seria se os trasmontanos, os verdadeiros, fizessem troar a sua voz e razões em defesa da região mais europeia na geografia, mas mais pobre no proveito da subsidiariedade.
 Eis um sonho que a concretizar-se, ficaria, por certo, na história!

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