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Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Rio Frio. Santa Maria Rivulo Frigido!

Situada num planalto, 18km a Sudeste de Bragança, é sede da União das Freguesias de Rio Frio e Milhão, agregando ainda a aldeia de Paçó e os lugares de Quintas do Vilar e de Vale Prados. Originalmente Rivus Frigidus do Monte, topónimo alusivo ao rio Sabor, que corre 3km a Oeste, à frigidez da terra e ao Cabeço do Castro, foi localidade castreja da Idade do Ferro. Povoado relevante já no século XI, no tempo dos Bragançãos, está documentado no reinado de D. Afonso Henriques, dando-se conta em 1144-1145 de terras doadas ao Mosteiro de Castro de Avelãs. Aquando das Inquirições de 1258, refere-se que “duas partes” da freguesia eram foreiras da coroa, sendo que a maioria da localidade “era uma honra” do Mosteiro. Foi distinguida com Carta de Foral pelo rei D. Dinis, a 8 de fevereiro de 1299, ‘subindo’ a vila, sem ser sede de concelho. A partir de 11 de novembro de 1514, é pertença do então criado concelho de Outeiro, passando a ser conhecida por Rio Frio de Outeiro. Com a extinção do Mosteiro de Castro de Avelãs e a criação da Diocese de Miranda, em 1545, os seus privilégios transitam para o cabido da Sé. Decorrente da reforma administrativa de dezembro de 1853, Outeiro e Rio Frio passam a freguesias do concelho de Bragança.
Do património religioso, além da Igreja Matriz possui as Capelas de Nossa Senhora das Dores, ou da Senhora ao Pé da Cruz, no centro do povoado, e de Nossa Senhora das Necessidades, que já foi dedicada a São Roque, implantada num outeiro, na parte Poente. As «Memórias Paroquiais de 1758» aludem ainda à existência de uma Capela do Espírito Santo, a Nascente do povoado. Três templos católicos e a piedade dos habitantes de Rio Frio orientada para a necessidade de Redenção, a dor da Paixão e o triunfo da Assunção, na feliz alusão do Coronel Emídio Garcia, em «Memórias da Minha Aldeia». A edificação da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção remonta ao século XVII, sofreu intervenções de embelezamento estrutural ao longo do XVIII e o ‘acervo’ religioso e funcional interior verificou-se entre finais desse século e princípios do seguinte. Desprovida de adro, a Igreja estrutura-se em cunhais coroados por pináculos bulbosos, com o frontispício tardo-barroco, de portal com jambas molduradas, dintel abatido com chave relevada e cornija fasciculada ondulada. É encimada, na direção do eixo, por óculo lobulado a garantir luz para o coro-alto. O pano é entroncado por campanário de belo recorte artístico: dois vãos em arco de volta perfeita, com sino, encabeçado por um terceiro mais pequeno, ladeado por aletas, onde assenta acrotério de cornija ondulada, sobrepujado por Cruz latina. O acesso ao campanário e ao coro alto é feito através de escadas adossadas ao alçado direito, onde uma das portas de entrada na Igreja está ‘entaipada’.
O interior do templo, com robusta pia batismal gomada, sem pé, púlpito balaustrado e anelado a dourado, assente em plataforma de granito sobre mísula de bolbo invertido, e vitrais marianos em janelas de capialço, contém três clássicos altares rocaille, de mesa paralelepipédica e retábulos de triplo eixo. Na nave, o do lado evangelho, que já foi de Santo Cristo, é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, ladeado por Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Assis. O do evangelho, a Nossa Senhora do Rosário, ladeada pelo Menino Senhor do Mundo e Santo Estêvão. No presbitério, o retábulo-mor abre tribuna profunda apainelada, com cúpula de um quarto de esfera, a acolher trono expositivo de cinco degraus. O primeiro apresenta Santo Cristo e o cimeiro o Orago Nossa Senhora da Assunção. Os eixos laterais expõem imagens de São Sebastião e de Santo António. Referência, no ático, para o Coração Eucarístico resplendoroso. Na parede da epístola existe pintura emoldurada alusiva às almas do Purgatório, tema que já teve altar na Igreja. O tecto oval do presbitério é pintado ao centro com a Elevação da Virgem Maria e, nos ângulos, com os quatro Evangelistas e respetivos tetramorfos (símbolos).
Magnificat: o Amor gratuito!

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4038

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