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IGREJA DE SÃO CIPRIANO, AVELEDA! “Ave Leda”!

Pertencente à União das Freguesias de Aveleda e Rio de Onor, que inclui a aldeia de Varge, Aveleda situa-se num vale da orla setentrional fronteiriça, no Parque Natural de Montesinho, 13 km a Nordeste de Bragança. É atravessada pelo rio Pepim, que contribui para a frescura e ar frondoso da aldeia, que tem por símbolo a burra da «Fonte d’Aldeia», à entrada da povoação. A então vila de «Sam Cibrão Davelaeda» consta nas Inquirições de 1250 do rei D. Afonso III, referenciando-se ainda que entre 1223 e 1247 o cisterciense mosteiro leonês de Castañeda, sediado na Puebla, detinha 1/6 das suas propriedades. A partir do século XV, a aldeia tinha por senhorio a Casa de Bragança, enquanto a paróquia, anexa à abadia de Santo André de Meixedo, pertencia ao bispado de Miranda desde o século XVI. A Igreja atual, implantada numa elevação com vista privilegiada para o povoado, data do século XVII, altura dos primeiros registos de batismo, matrimónio e óbitos. Delimitada por adro, com cemitério e capela mortuária anexas, a arquitetura exterior do templo não se destaca. Um contraste relativamente ao interior, que se abre para o deslumbramento da sua riqueza iconográfica e decorativa religiosa, com quatro altares de diferentes estilos e originais pinturas a óleo.

O tecto da nave, forrado a madeira pintada de azul celeste, é em forma de berço. O coro-alto, com guarda de balaústres, tem acesso por escadas exteriores adossadas à fachada lateral direita. No lado do evangelho, o baptistério tem a dignidade de um compartimento com arco em granito de volta perfeita, duas portadas em balaústre e coroamento volutado com cruz. A robusta pia é em formato de cálice com boca bojuda seccionada. Referência seguinte para o altar policromado e estilo rocaille dedicado a Nossa Senhora das Dores, com confraria constituída em 1795. O nicho é de recorte polilobado, enquadrado por colunas de fuste liso, capitel coríntio e ático coroado por espaldar vegetalista. O altar subsequente, dedicado a Nossa Senhora do Rosário, é barroco e de um só eixo, com retábulo dourado. Apresenta quatro colunas de fuste espiralado em tom esverdeado e capitel coríntio, a enquadrar o nicho que expõe a imagem. A decoração é feita à base de elementos vegetalistas e putti. Este altar confronta com altar gémeo do lado da epístola, dedicado ao Senhor Crucificado, ladeado pela Virgem Maria e o apóstolo São João. A excepção é o nicho ter dossel lobulado.

O arco triunfal, de volta perfeita e Escudo das Armas Nacionais na chave, franqueia a capela-mor, mais estreita. O altar distingue-se dos demais, de três eixos e talha dourada do barroco joanino, com os painéis laterais e do ático lisos e pintados a verde. O vão central acolhe imagem do Orago São Cipriano paramentado de bispo de Cartago, em trono expositivo de três plataformas escalonadas. É delimitado por colunas salomónicas, decoradas com fénices, parras, uvas e putti, a suportar arco de volta perfeita, de onde evoluem arquivoltas também salomónicas e igual decoração. Nos eixos laterais, em pedestal sobre mísulas a dourado com anjos na frontal, estão as imagens de Santo António e de São Vicente, do lado do evangelho e da epístola respectivamente. Lateralmente ao retábulo, apresentam-se telas pintadas a óleo de tradição grão-vasquina, com dois evangelistas de cada lado, a denotar algum desgaste. O tecto côncavo da capela-mor, de pintura apainelada, apresenta ao centro São Cipriano, enquadrado pelos apóstolos São Pedro e São Paulo e os Santos Padres Jerónimo e Agostinho. O acesso à sacristia faz-se a partir da capela-mor, com lavabo antigo de granito em estilo retabular.

Diz-nos São Cipriano, «Bispo abençoado», que “fora da Igreja não há salvação”. Nesta Igreja, que lhe é dedicada, os motivos devocionais são de uma beleza cativante.

 

Altar-mor

 

Altares Laterais

 

Edição
3972

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