Cruz Vermelha abre consultas de Psicologia a toda a população

A delegação de Bragança da Cruz Vermelha Portuguesa está a facultar consultas de Psicologia para a população em geral. A novidade foi apresentada no seminário ‘Vamos falar de saúde mental”, que teve lugar na passada terça-feira, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Bragança, para assinalar o Dia da Saúde Mental, a 10 de outubro.

À Cruz Vermelha aparecem alguns pedidos de ajuda nesta área, mas são “pontuais”, afirmou Mélanie Reimão, vice-presidente da delegação. “As pessoas não sabem que estamos a prestar este tipo de apoio, pois estamos a iniciar a consulta externa. Temos uma psicóloga que faz acompanhamento do programa de receção de migrantes e refugiados, mas queremos abrir a consulta à população. As consultas têm um preço simbólico”, referiu.

A vice-presidente da delegação deu conta que com o seminário quiseram destacar o Dia da Saúde Mental “dada a sua importância”, mas também “para sensibilizar os cidadãos, daí que se tenham convidado várias pessoas para falar de temas muito atuais, como a violência no namoro ou papel do psicólogo na sociedade atual”.

Cada vez mais crianças e adolescentes recorrem a consultas de Psicologia por causa de problemas de saúde mental, procurando ajuda para desequilibro ou desconforto emocional.

“Houve um aumento da incidência de casos e, sobretudo, houve uma destigmatização do que é esta área da saúde mental, a partir da covid-1. O impacto que a pandemia teve na população foi tremendo, o que fez com que houvesse como vantagens: o tratamento e a destigmatização. A procura avolumou-se e cerca de 40% dos meus casos são para manutenção da saúde mental e não por questões de patologia associada”, explicou Anabela Pires, psicóloga de uma unidade privada, à margem do seminário ‘Vamos falar da Saúde Mental’.

As perturbações são de vária ordem, mas muito ligadas aos meios digitais.

“A ansiedade generalizada é a que tem maior destaque, no entanto, as perturbações depressivas são o maior destaque a nível mundial. A doença digital é um dos temas que me causa muita curiosidade em desenvolver e que ultimamente tem-se verificado, como o vício e a adição ao digital. A estruturação familiar e económica leva a um registo educacional e de crescimentos, muitas vezes, desfasado do que é o acompanhamento que seria necessário para uma construção mais sólida. Muitas vezes uma simples decisão, como ir ou a uma viagem de finalistas, é difícil de tomar por adolescentes de grande potencial. Há adolescentes com médias de 19 e 20 que não conseguem tomar uma decisão simples, ou de vincar relações afetivas e de amizade com o grupo de pares”, acrescentou Anabela Pires.