João Diegues leva valores brigantinos para o futebol de formação bracarense

João Tiago Rodrigues Diegues, treinador de guarda-redes de 26 anos, natural de Bragança, cumpre a segunda época ao serviço do SC Braga, agora integrado na equipa técnica da formação B de juvenis que compete no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão.

Na época transata, trabalhou com a equipa de iniciados do clube minhoto, após passagens por Beira-Mar, Macedo de Cavaleiros e Grupo Desportivo de Bragança.

O treinador considera que o arranque desta nova temporada está a ser “muito positivo”, apesar das elevadas temperaturas que se fazem sentir nesta fase de preparação. “Os atletas estão a dar uma excelente resposta. Ainda falta muito tempo para o início do campeonato e, nessa fase, o nosso objetivo principal passa pela assimilação de processos e evolução diária, para chegarmos à primeira jornada preparadíssimos para dignificar o emblema do SC Braga”, afirmou.

Da experiência anterior, destaca a adaptação rápida ao contexto de formação e o conhecimento acumulado sobre os atletas. “Tenho a felicidade de continuar com a mesma geração de jogadores, à exceção do André Marques que saltou diretamente para os sub-17. A época passada deu-me um conhecimento maior das necessidades específicas de cada um e de como devo intervir para os ajudar na sua evolução”, referiu.

No plano competitivo, sublinha que num clube como o SC Braga “o objetivo é sempre entrar em todos os jogos para vencer”. No trabalho específico com guarda-redes, destaca a responsabilidade que assume. “Procuro ajudá-los no desenvolvimento pessoal e humano. São adolescentes que, devido ao contexto onde estão inseridos, rapidamente foram obrigados a tornarem-se homens. Alguns estão longe das famílias, privados de uma adolescência normal. Passei pelo mesmo e sei da responsabilidade que tenho no seu crescimento”, explicou, acrescentando que no treino procura criar contextos exigentes que permitam dotar os jovens de ferramentas para evoluírem.

Ex-guarda-redes, João Diegues viu-se obrigado a abandonar a carreira de jogador aos 21 anos, devido a uma lesão que lhe retirou grande parte da mobilidade da mão esquerda. “Foi uma decisão difícil, mas muito consciente. Olho para trás e sei que foi a melhor decisão que podia ter tomado. Não tenho dúvidas de que sou melhor treinador do que era jogador”, afirmou.

Ligado a Bragança e ao GD Bragança, não esconde o orgulho nas origens. “Bragança faz parte de mim, é onde tenho a minha família, os meus amigos e as minhas raízes. Procuro levar os valores de ambos sempre comigo e honrá-los em qualquer contexto”, sublinhou.

Sobre o dia a dia no SC Braga, destaca o equilíbrio entre exigência e condições de trabalho. “É tão gratificante como exigente. Temos de demonstrar diariamente que estamos à altura de representar uma instituição desta grandeza, que te dá todas as ferramentas para realizar um excelente trabalho.”

O Campeonato Nacional de Sub-17 da 2.ª Divisão, onde participa a equipa B de juvenis do SC Braga, tem início marcado para 28 de setembro.

Ambicioso no futuro, afirma estar “exatamente onde queria estar nesta fase da carreira”, mas não coloca limites. “Sonho muito alto e quero conquistar muita coisa. O meu foco é continuar a evoluir e adquirir conhecimentos para estar preparado para qualquer desafio”, disse.

“Costumo dizer em jeito de brincadeira que é preciso muitas horas de ‘sorte’ para ter sucesso. É preciso querer muito, mas estar essencialmente disposto a dar tudo, fazer e abdicar de muito e nem sempre receber algo em troca. Tive 4 anos de CP e tenho 3 descidas, mas nunca desisti! Nunca baixei os braços, lutei e dei sempre tudo de mim! Foram e são diariamente muitas horas de trabalho numa procura constante de evolução. É preciso ser obcecado, não chega ter talento. Se tiver esta ‘fome’ e disciplina, inevitavelmente vais sorrir, vais ter ‘sorte’.”

Fotos: DR