A opinião de ...

O lento ruir dos políticos

Nota de entrada:
Este texto deveria ter sido publicado na semana passada. No emaranhado de colaborações a peça desapareceu-me. Ao Director do jornal, aos seus colaboradores e acima de tudo aos leitores peço desculpa ante a desatenção.
Um Lorde Inglês no Parlamento mais antigo do Mundo afirmou que o poder corrompe, que o poder absoluto corrompe absolutamente. Parafraseando o anexim atrevo-me escrever que os políticos se vão corroendo e se corroem absolutamente quando ganham surdez às críticas, preferindo a louvaminha à frontalidade, apreciando os cortesãos de vénias e sim-sim ao não-não quando deve ser proferido em voz alta e firme imitando os cortesãos do rei cujo cognome é o Bravo.
Nos últimos anos, em plena democracia, o primeiro-ministro Cavaco Silva acabou mal porque aceitou o encargo de imitar de forma incompetente o rei Sol, rodeado de lacaios dignos da corte dos imperadores chineses.
Se a classe política portuguesa perde qualidade todos os dias, se os dirigentes políticos demonstram acéfalo seguidismo, se os chefes partidários desenvolvem e refinam tique de caciquismo puro sem freio ou bridão, o primeiro-ministro António Costa entrou na fase do espelho (espelho meu, espelho meu) até ser indelicado com os jornalistas como pudemos ver na última conferência de imprensa (31 de Maio) ao virar as costas a uma jornalista a qual educadamente lhe perguntou se não havia consequências relativas ao caos no Porto a propósito dos incidentes durante e depois do jogo da Taça dos Campeões europeus.
Posso conceber a possibilidade de António Costa ser levado a, desde já, na primeira oportunidade, a imitar António Guterres fugindo do pântano onde as rãs socialistas coaxam o ministro Cabrita, o ministro Nuno Santos, os ajudantes Galamba, o secretário do desporto e outros de igual talante, apesar do seu amofinamento, é obrigado a pensar na manutenção do poder pois os cortesãos, os lacaios e tutti-quanti não lhe perdoaram, como os de Cavaco e Guterres não esquecem a perda da partilha do pão existente na mesa do orçamento. Por assim ser, e é, Costa tem moderar os ímpetos a fim de só ruir no final da legislatura. Bruxelas é uma tentação!
Apostilha: O bizarro, para não dizer extravagante projecto da «Lei da verdade» para lá dos veios autoritários de cariz salazarista e franquista é uma forte ameaça às liberdades de expressão do pensamento em geral, pode amarfanhar a imprensa jornal, já de si exposta à pressão do arame farpado dos localismos das redes sociais muito ao modo de opinar das lavadeiras do Fervença e do Sabor. Importa estarmos atentos a fim de sacudirmos o risco do famigerado lápis azul do juiz Veiga. Há sempre candidatos a imitá-lo!

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