Educar para a saúde… a nossa e a dos que nos rodeiam!
Educar significa desenvolver o pensamento e a capacidade de ação individual e coletiva, através da comunicação e da experiência. Sem pensamento, a educação transforma-se em mera transferência de conhecimento, por si só, estéril. Sem ação, a educação é inútil: não transforma e não renova. Quando educamos, agimos intencionalmente com o sujeito, apoiando-o a pensar e a agir, de forma a que ele passe a dispor de um conjunto de representações e de competências individuais que o habilitem a tornar-se um membro competente da sociedade em que vive.
Educação, portanto, é sempre contextualizada: tem um “o quê”, um “quem”, tem um “para quê”, um “quando” e um “onde”.
Bons níveis de educação geram sociedades capazes e tendencialmente prósperas. A Promoção e Educação para a Saúde é determinante para a aquisição de um bom nível de educação. Trata-se de uma atividade interdisciplinar que traz grandes benefícios para a população escolar e, consequentemente, familiar, atribuindo competências no âmbito da promoção da saúde, tanto ao nível individual como coletivo. Neste sentido, ela lida com as competências determinantes para perceber, compreender e agir adequadamente sobre a nossa saúde e a dos que nos rodeiam.
O conceito de Promoção para a Saúde definido na carta de Ottawa, datada de 1986, aponta para a ideia de que a utilização de bons e adequados métodos de estudo têm uma influência na formação de crianças e jovens autónomos, reflexivos, capazes de gerir, controlar e avaliar o seu processo de aprendizagem e, consequentemente, realizar o seu projeto de vida.
Em contexto escolar, educar para a saúde consiste em criar possibilidades para que as crianças e os jovens construam conhecimentos, atitudes e valores que os ajudem a tomar decisões adequadas à sua saúde e ao seu bem-estar físico, social e mental, bem como a saúde dos que os rodeiam, conferindo-lhes assim um papel participativo.
As escolas promotoras de saúde reconhecem que a saúde, a educação e o desenvolvimento estão estritamente interligados. As escolas atuam como centros de aprendizagem, apoiam e desenvolvem uma visão positiva e responsável do papel dos alunos no futuro da sociedade. Alunos saudáveis aprendem melhor, professores e funcionários saudáveis trabalham melhor e adquirem uma maior satisfação profissional.
Com a adesão à Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde, Portugal responsabilizou-se pela promoção da saúde em contexto escolar, em articulação com o Ministério da Saúde. Neste sentido, cada agrupamento de escolas deve incluir no seu projeto educativo temáticas prioritárias relacionadas com a Promoção e Educação para a Saúde. Torna-se, assim, importante e necessário os professores desenvolverem ações de sensibilização nesta área não curricular, dinamizando estratégias que capacitem as crianças e jovens para um pensamento autónomo, criativo e inovador, tornando-os cidadãos pensantes, capazes de tomar decisões ao nível da sua saúde e adotar estilos de vida individuais e coletivos mais responsáveis. Ao tornar um aluno mais participativo e ciente das suas capacidades, o professor pode contribuir para mudar o seu futuro, ajudando-o a construir um projeto de vida harmonioso e saudável. Como dizia Paulo Freire “a educação não muda o mundo; a educação muda as pessoas; as pessoas mudam o mundo”.
Márcia Moreno
Centro Ciência Viva de Bragança