Gravação de sons: do fonógrafo ao MP3
A gravação de sons remonta ao ano de 1878, com a invenção do fonógrafo, por Thomas Edison. Este dispositivo permitia o registo de vibrações que viajam pelo ar até uma membrana ligada a uma agulha de corte. A agulha de corte, por sua vez, marcava as vibrações na profundidade de um sulco, que desenhava na superfície de um cilindro. O cilindro era feito de estanho, chumbo ou cera, concretizando o que se designava por gravação acústica.
O cilindro, pelo seu formato, tornava difícil a reprodução com vista à comercialização. Assim, 10 anos depois, o cilindro foi substituído por um disco, em que as vibrações eram registadas por uma agulha que oscila na lateral, em alternativa ao procedimento anterior que era feito em profundidade. Os discos giravam inicialmente a 78 rotações por minuto (rpm), evoluindo ao longo do tempo para permitir reduzir a velocidade e, consequentemente, a quantidade de sons armazenados, para 48 e depois para 33 rpm. O material dos discos foi alterando ao longo do tempo, sendo de vinil, a partir dos anos 50.
A gravação magnética foi demonstrada no final do século XIX, no entanto, apenas com o aparecimento, primeiro, das fitas magnéticas (anos 30) e depois das cassetes, é que houve um impulso comercial significativo. Neste caso, os sons são registados numa fita coberta por um material que permite manipular o seu alinhamento magnético, registando, assim, as vibrações correspondentes.
Nessa época, a gravação de sons era exclusivamente analógica, o que significa que as vibrações recebidas pelo cone do fonógrafo, do gramofone ou pelo microfone eram traduzidas, o mais fielmente possível, para um registo físico, sob a forma de sulcos ou de alterações do campo magnético de uma fita. Esta forma de registo é bastante sensível à perda de qualidade por alterações físicas ao próprio meio de gravação. Por exemplo, uma fita dobrada ou um grão de pó num disco de vinil fazia com que o som tivesse interrupções ou outros artefactos que prejudicavam a reprodução do som.
Por este motivo, surge a introdução do registo digital de sons no início da década de 70. O princípio da gravação digital baseia-se na conversão das vibrações de som, que podem assumir qualquer valor, numa sequência de dois símbolos. Vejamos, como exemplo, que um segundo de som implica a oscilação da agulha de um gira-discos cerca de 10 mil vezes. Na gravação digital, esta oscilação é convertida numa sequência de cerca de 705 mil “buracos”, registados na superfície de um disco ótico, como o conhecido Compact Disk, ou CD. Se experimentar olhar através de um CD para uma lâmpada de candeeiro irá aperceber-se da existência de milhões destes “buracos”, permitindo ver através do disco.
Mais recentemente, com a miniaturização da electrónica e com a expansão da Internet, houve necessidade de reduzir o tamanho da gravação para valores que permitissem a sua reprodução em leitores compactos, conhecidos atualmente por leitores MP3 (MPEG I/II Audio Layer 3). Esta sigla resulta da técnica de compressão de som usada para o efeito. Os sons são processados e modificados de forma a eliminar os que potencialmente o ouvido humano não consegue ouvir. Por este motivo, faz a compressão com perdas, permitindo reduzir substancialmente o espaço ocupado por uma gravação.
Rui Lopes
Instituto Politécnico de Bragança
www.cienciabraganca.pt