A opinião de ...

Você decide

O PS realizou uma vez mais a Universidade de Verão na histórica cidade de Évora, desta feita, subordinada ao mote “Novo rumo para Portugal”. Tendo em conta a proximidade das eleições autárquicas, os participantes, nacionais e estrangeiros, debateram o futuro das cidades e o papel do poder local no seu desenvolvimento sustentável. Falar das cidades é falar da vida das pessoas. No sentido etimológico e mais restritivo do termo, cidadão é o que vive na cidade.
Baudelaire escreveu que «a forma de uma cidade muda mais depressa do que o coração de um mortal». De facto, as cidades vão-se transformando, algumas desfiguram-se, outras perdem pessoas e qualidade de vida.
A concentração urbana potencia o crescimento, a criatividade e a inovação e cria o ambiente propício ao florescimento do comércio e da economia. Mas há também os problemas urbanos, relacionados com a degradação ambiental e com a exclusão social. A cidade influencia a vida das pessoas fora e dentro de casa. Uma cidade bem planeada, com bons transportes públicos e com os necessários equipamentos socioculturais, proporciona bem-estar aos seus habitantes, pelo que será uma cidade menos violenta, mais segura e geradora de felicidade.  
Em tempos participei na elaboração de um documento “A cidade igualitária” que esteve na origem da “Carta europeia para a igualdade das mulheres e dos homens na vida local”. Não se trata já da participação numérica das mulheres, assegurada em Portugal pela lei da paridade (iniciativa do PS). Trata-se de integrar em todas as políticas da cidade a dimensão de género. Está provado que as mulheres podem dar um contributo inestimável na organização do espaço. Coisas tão simples como a abolição das barreiras arquitectónicas e a definição da largura e do tipo de pavimento dos passeios (são as mulheres quem mais anda na rua com carrinhos de bebé e só elas usam saltos altos e finos) podem ser decisivas.
O parque habitacional privado e público, existente em alguns núcleos urbanos, é de grande interesse histórico e exige verbas avultadas que sobrecarregam os orçamentos municipais. O governo português deveria aproveitar o quadro comunitário de apoio (2014-2020) para lançar um vasto programa de requalificação urbana. O que contribuiria também para impulsionar a economia portuguesa.
Os socialistas têm razões para encararem as eleições autárquicas com confiança e com sentido de responsabilidade. As pessoas sabem que não é indiferente votar ou não votar e que o voto de cada um pode fazer a diferença. Os políticos não são todos iguais, tal como os professores, os alunos, os carpinteiros, os comerciantes ou mesmo os pais. É injusto meter tudo no mesmo saco.
Contra a vontade do PSD e do CDS, os governos socialistas construíram várias vias (A23, A25, IP2, IC5, A4) que retiraram a nossa região do isolamento e do abandono. Sem boas vias de comunicação não há desenvolvimento económico. Muitos dos atuais governantes acharam que era um desperdício, como se quem vive no interior não tivesse os mesmos direitos de que vive no litoral. Pagamos os mesmos impostos,  temos os mesmos direitos.
As eleições autárquicas servem para eleger o governo municipal. E podem ser aproveitadas para agradecer ou censurar. Os transmontanos têm razões para agradecer aos governos do PS e para censurar o atual. No silêncio da cabine de voto, cabe a cada um dos eleitores votar em consciência, sem medo nem inibições. O voto é a principal arma do povo. No voto reside o poder dos cidadãos. Nas eleições, é você quem decide.

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