A opinião de ...

África, Trás-os-Montes e a multiculturalidade

África é "o continente do futuro".
A convicção foi manifestada pelo antigo Primeiro-Ministro caboverdiano, Carlos Veiga, à margem da comemoração do Dia de África, no Instituto Politécnico de Bragança.
Que o continente africano está cheio de potencialidades, humanas e naturais, ninguém duvida. Mas África não é só o continente do futuro em África.
Também por cá, no Nordeste Transmontano, África poderá ser o continente do futuro.
Numa região em que o despovoamento salta à vista em cada esquina, em cada aldeia, ainda perduram, na memória de muitos, os tempos felizes vividos antes do atribulado processo de descolonização.
E o Instituto Politécnico de Bragança tem conseguido atrair, por vias também dessa relação ancestral entre Portugal e os diversos países africanos com quem se criou esse vínculo histórico e cultural, muitos jovens estudantes.
Jovens que procuram esta região pelas oportunidades ao nível da formação superior, mas que acabam, em muitos casos, por se estabelecer por cá.
Uns a trabalhar nas empresas locais, outros criando os seus próprios negócios, outros agarrando as oportunidades concedidas pelo Politécnico.
O próprio jornal diocesano acolhe, por esta altura, dois estagiários são tomenses que escolheram a região para concluir a sua formação.
Desta forma, vão construindo uma vida nova num local em que a juventude vai escasseando, em que falta mão de obra para muitas situações.
Ao nível desportivo, então, a integração tem sido acelerada pelas várias equipas que realizam a sua atividade no distrito de Bragança e servem de montra a jovens valores africanos.
Também a Cruz Vermelha começa a mostrar esta oportunidade à comunidade de migrantes que ajuda, como prova o protocolo assinado no domingo com o Centro Social Paroquial de Izeda para a integração de um casal de migrantes que pediu asilo a Portugal, e que o bispo D. José Cordeiro acredita que possa ser o primeiro de muitos protocolos de colaboração.
Uma situação que tem tudo para ser de ganho para todas as partes até porque, como enaltecia Martin, que passou por uma mão cheia de países desde que saiu dos Camarões antes de desaguar em Portugal, "as pessoas são mais acolhedoras" e o próprio país "é multicultural.
Um olhar de esperança à entrada de um novo país que sabe bem o que é ver os seus filhos partirem para o longe de casa.

África pode ser o continente do futuro... do Nordeste Transmontano.

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