A opinião de ...

Expectativas furadas

Quando se anunciou, pela primeira vez, nas páginas do Mensageiro, que o Governo viria em peso ao Nordeste Transmontano, as expectativas das gentes do Nordeste Transmontano ficaram em alta. Afinal, com tanto que há por fazer de forma a atrair gente para estes territórios (como agora os governantes adoram dizer) e fixar famílias, alguma medida concreta haveria de ser anunciada.
Conhecido o programa, a verdade é que as expectativas só aumentaram. O corrupio de ministros e Secretários de Estado por todo o distrito, sobretudo na quarta-feira, tornaram a vida dos jornalistas um cabo de trabalhos. Com tantas iniciativas, algumas delas sobrepostas, foi impossível cobrir todos os passos governativos.
Por isso, muitas coisas passaram ao lado dos contribuintes, tornando essas visitas pouco mais que obsoletas.
Com a presença dos detentores de tantas pastas era expectável ouvir anunciar o arranque das obras no hospital de Bragança, a construção das estradas para Vinhais e Vimioso, a instalação de uma unidade do exército no distrito – como já esteve durante centenas de anos – ou a passagem do aeródromo a aeroporto regional. Isto para não esquecer os concursos à construção de barragens ou o reforço das ligações a Espanha.
Mesmo que fosse demasiado otimismo esperar tanto anúncio, aquilo que acabou anunciado no final do Conselho de Ministros acabou por ser uma desilusão e a sensação de que a montanha pariu um rato.
Com tanta conversa sobre o interior, foram poucas as medidas novas e inovadoras que acabaram por sair desta reunião histórica. A maior parte já tinha sido anunciada e, as restantes, como a dos descontos nas portagens, são tão confusas que se tornam um pesadelo para os automobilistas.
A cereja no topo do bolo foi mesmo a ‘tampa’ que o Primeiro-Ministro deu às gentes de Vimioso, depois de até à véspera ter planeado a visita.
Não é assim que se mostra que se valoriza o Interior, até porque palavras leva-as o vento. António Costa enfastiou-se e preferiu ir enfartar-se de iguarias locais no Solar do que cumprir uma promessa. Mau sinal para um Primeiro-Ministro.
Valorizar o Interior passa por, em primeiro lugar, respeitar as gentes que cá estão, de forma resiliente, contra as dificuldades diárias que a distância dos centros de poder coloca. Por isso esperava-se, no mínimo, que quando os centros de poder se deslocam ao Interior, trouxessem respeito e não sobranceria.
Para se ser respeitado há que se dar ao respeito e respeito foi coisa que faltou nesta situação.

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