A opinião de ...

COMO DISCORDAR DE QUEM PENSA COMO NÓS

Vamos aos factos: António Costa promoveu a destituição de António José Seguro, ao arrepio da legalidade estabelecida a meio de um mandato que os militantes lhe tinham legitima e democraticamente conferido e que só terminaria, segundo as regras vigetes, depois das legislativas. A razão para o “golpe de estado”, segundo o atual líder socialista, o seu anteccesor não conseguiu capitalizar o descontentamento que a maioria no poder provocou no eleitorado. Era preciso mais. Era preciso fazer melhor. A convicção de que ele protagonizaria um melhor resultado para as cores rosa era razão suficiente para obrigar o anterior Seretário-Geral a colocar o lugar à disposição. Ao lado de António Costa estiveram autarcas. Eleitos, legitima e democraticamente para um mandato que terminará em 2017. Apoiavam António Costa porque estavam certos que o Presidente da Câmara de Lisboa seria melhor timoneiro do que o Deputado beirão. Logo na altura escrevi que, em coerência deveriam dispor-se a colocar o seu lugar à disposição do eleitorado se, nos respetivos concelhos, aparecesse alguém que, supostamente, se propusesse obter, para o município, melhores resultados que o que os atuais estavam a obter.
 
Vejamos mais factos: Quando António José Seguro se candidatou, a Secretário Geral, já muitos eram os que entendiam que António Costa seria uma opção mais eficaz, mas ele não se disponibilizou a tal “incómodo”. Quando António José Seguro tomou as rédeas do partido este tinha a confiança de 28% dos portugueses. A coligação que veio assumir o governo fora confirmada, em conjunto por 50,37% dos cidadãos. Numa caminhada que o dirigente do Largo do Rato avisara que seria uma maratona e não uma corrida de 100 metros (e que ninguém questionou nem comentou), carregando com um grupo parlamentar que o não apoiava a 100%, levou 31,5% dos eleitores a confiarem no PS. Os seus opositores, estando no poder e senhores da máquina do estado não conseguiram convencer, em conjunto, mais que 27,7%.  Uma queda superior a 22%!!
 
António Costa propõe-se fazer melhor. Para fazer igual, recebendo o partido com 31,5% terá de o tornar atrativo para 35% dos concidadãos. E, ao mesmo tempo, remeter a coligação governamental para uns quase insignificantes 5%. Porque as vitórias ou são absolutas, ou então são relativas. Sendo relativas não basta o score da cada um. É necessário compará-lo com o resultado dos oponentes. Ora tal resultado não é, nem de perto nem de longe, o esperado nas legislativas deste ano. As sondagens não apontam para nada disso e, apesar de os resultados eleitorais não refletirem com exatidão milimétrica os valores das sondagens, não há memória que daqueles se afastem significativamente. Isto não quer dizer que o resultado final não sorria às cores da rosa. Mas também ninguém poderá dizer, em boa verdade, que os números que porventura possam ser atingidos no Outono de 2015 estivessem totalmente fora do alcance da direção anterior. É certo que a mudança de lider provocou uma onda de simpatia... que o atual lider não conseguiu manter e muito menos ampliar!
 
Se os resultados forem inferiores, na análise relativa, aos conseguidos anteriorente, os autarcas socialista que sufragaram a alteração diretiva, com o seu apoio a António Costa, deveriam seguir, mutatis, mutandis, o exemplo de um grande senhor socialista que em resultado de eleições autárquicas desfavoráveis, colocou nas mãos dos eleitores a possibilidade de mudarem de governo e da respetiva chefia. Porque já nem é preciso que haja quem se proponha fazer melhor. Basta que se suponha poder haver alteração no resultado. Ora como isso é, nos tempos que correm, cada vez mais provável...

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