A opinião de ...

Morreu um lutador

Acabei de ler o livro de um grande lutador: o livro - Nunca te distraias da vida; o lutador - Manuel Forjaz.
Neste livro, fui destinatário de vinte lições que conferiram enorme confiança e esperança no viver, cada uma delas merecedora da minha melhor atenção. Mas aquela que mais me tocou foi a de que “ a vida é para ser celebrada”.
Já o título do livro -  Nunca te distraias da Vida – é um bom conselho a todos os que, eventual e distraidamente, possam descurar quanto precioso é este viver, o viver que, a cada momento, nos deve merecer a melhor atenção.
Para quem não leu o livro, creio que posso sintetizá-lo no registo de um exemplo de constante coragem a enfrentar uma doença que ia consumindo o seu autor, sem este, no entanto, nunca ceder nem perder a fé em Deus - conversando com Ele, ora na rua, ora à noite, sentados lado a lado, antes de se deitar, expondo-Lhe as suas inquietações, enquanto procurou sempre a melhor e a mais eficaz forma de combater a doença que a tantos atormenta – o cancro.
Conheci Manuel Ferraz - curiosamente nascido na data em que assentei praça - num programa de televisão e logo fiquei preso à sua forma de estar e à sua maneira aberta e convicta como via as situações e os problemas que lhe iam sendo apresentados.
Foi a partir daí que me interessei em acompanhá-lo, admirando a sua força de vontade,  a sua forma de pensar, de estar na vida e de desfrutá-la, enquanto a saúde lho permitia. É que a vida, como ele diz “é para ser celebrada”.
E o que nos impede de o fazer? Que obstáculos se nos colocam para que a vida não possa ser celebrada? Muitos, é certo, mas que não poderão nunca resistir à força de vontade de quem pretende vencê-los, mesmo dispondo de armas desiguais, quantas vezes mais fortes do lado desses obstáculos!
Direi, pois, que  cada um de nós há-de reunir vários meios contra o que nos deprime e contraria, sendo um deles, por exemplo, a amizade - amizade que irá traduzir-se em ajudar, acompanhar, dialogar, ouvir e decidir connosco, principalmente quando a decisão implica riscos dificilmente ultrapassáveis.
Olhando para o que se passa à minha volta e para o que acontece neste momento tão difícil que vamos atravessando, não posso deixar de reflectir no significado e na força que nos transmite a amizade.
E nesta amizade, é bom dar a saber o que nos vai na alma, as inquietações que nos perturbam - todos os problemas que enfrentamos, a maneira como os encaramos e a melhor forma que encontramos para os resolver, tal como o lutador de que venho falando os quis tratar e no-los deu a conhecer, na sequência do que, como ele próprio diz, “partilhar também ajuda os outros”, para que os outros decidam sobre o melhor caminho que há-de resolver os seus.

Edição
3471

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