A opinião de ...

Motivação desmotivada…. Revela-se na falta de gente na bancada!...

Mudam-se os tempos, alteram-se as vontades, invertem-se as prioridades e redefine-se a paixão pelas representatividades!...
Se tudo isto pode aplicar-se à forma como múltiplas atividades sociais, políticas, educativas, económicas, ou outras, têm evoluído, nas últimas três/quatro décadas, deve entender-se que a atividade e a paixão pelo desporto em geral e pelo futebol em particular são evidente prova disso mesmo.
Sem necessidade de recuar muito mais, mas tendo como ponto de referência os anos oitenta do século passado, qualquer pessoa, mesmo que não tenha muita ligação ao fenómeno futebolístico, apercebe-se com facilidade das mudanças que se têm registado, sobretudo nos escalões menos credenciados, no que toca à motivação dos cidadãos na relação com os clubes de futebol.
Incomparavelmente com menos mediatização, do que nos tempos que correm, na altura, o futebol, nomeadamente no contexto clubístico do interior, despertava uma outra paixão, devoção, dedicação e diferente motivação.
Mesmo sem, sequer, falar na organização e dinâmica diretiva que se tornava evidente e consequente, não pode ser esquecida a forma como as gentes, de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Chaves ou Vila Real, viviam e sentiam a vida dos seus clubes representativos.
Lembro perfeitamente, dos dérbis regionais, que suscitavam enorme paixão e invulgar motivação. Não havia dúvidas, potenciavam um ambiente de vida futebolística de alegria, de dinamismo social, de entusiasmo, de apoio sentido e com dedicação ao clube preferido. Independentemente de, em casos pontuais, se assistir a cenas reveladoras de falta de assertividade ao nível da cidadania e do desportivismo, fruto de rivalidade decorrente de bairrismos pouco saudáveis, a verdade é que quando se realizava, por exemplo, um Bragança – Mirandela, ambas as cidades se mobilizavam em força e com força. Os estádios registavam enchentes e o espetáculo ganhava beleza e especial competitividade.
E se, nestas partidas, as bancadas nos estádios da nossa região evidenciavam grande mobilização ao nível da presença de espectadores, não é menos verdade que, no tempo em que o Campeonato Nacional da II Divisão – Zona Norte, considerada uma grande prova futebolística cujos vencedores tinha promoção garantida à I Divisão Nacional, quando se deslocavam ao Nordeste Transmontano, clubes como o Gil Vicente, o Moreirense, o Leixões, o Varzim, o Salgueiros, o Tirsense, o Rio Ave, entre muitos outros credenciados clubes, acabava por ser difícil encontrar um lugar vago na bancada de um Estádio Municipal, sobretudo para quem chegava um pouco mais tarde.
De facto, os tempos eram outros, como outros eram os clubes que se deslocavam ao interior, aos quais os nordestinos batiam o pé, sem qualquer manifestação de subserviência.
Naturalmente que os clubes da nossa região também se apresentavam sustentadamente competitivos, valorizando os seus ativos, que emergiam dos campeonatos formativos.
Foram tempos que passaram. Nos que agora decorrem, ao olhar para as tabelas de resultados e classificativos, já nem sequer é possível saber se estamos perante a II ou III Divisões, mas sim designados como Campeonatos Nacionais de Seniores, onde, por exemplo, na Série A, do reduzido número de clubes (apenas dez!...), apenas dois (Bragança e Vianense) representam cidades capitais de distrito.
Não admira, com efeito que, também pelo fraco nível competitivo, alguns entusiastas do futebol, não se sintam motivados para “ir à bola”, nomeadamente quando, muitas vezes, falta conforto compatível e a apelabilidade sofrível.
 

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3451

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