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Alemanha: o motor da renovação

A Sinodalidade é um dos conceitos recuperados pelo Papa Francisco. No discurso de comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, a 17 de outubro de 2015, o Papa afirmou categoricamente que “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio”.
Sínodo é uma palavra de origem grega que significa “caminhar juntos”. No contexto eclesial, é usada para convocar todos a darem o seu contributo para a reflexão de determinados temas ou a repensar a Igreja, seja a nível mundial, nacional ou diocesano.
Os bispos alemães, em conjunto com os leigos, decidiram promover uma reflexão nacional a partir de estudos encomendados a três universidades sobre a questão dos abusos sexuais de menores no seio da Igreja Católica. Os estudos identificaram quatro grandes temáticas que precisariam de ser aprofundadas. No ano passado propuseram-se fazer um “Caminho Sinodal” que está a ser liderado pela Conferência Episcopal Alemã e pelo Comité Central dos Católicos Alemães (que representa cerca de 140 organizações e grupos católicos).
Realizou-se na sexta-feira e sábado passados, em Frankfurt, a primeira assembleia para refletir sobre o poder e participação na Igreja; a sexualidade e o amor nas relações humanas; a vida sacerdotal e o celibato; o lugar da mulher nos serviços e ministérios da Igreja – como noticiou o site religioso “7 Margens”. A assembleia foi constituída por 230 participantes, dos quais 69 bispos e os restantes em representação das diferentes dioceses alemãs, dos movimentos e comunidades religiosas.
Os debates puderam ser acompanhados on-line e foi dada, aos milhares de católicos que assistiram por essa via, a possibilidade de intervir enviando os seus depoimentos. Desta forma, contribuíram para um verdadeiro caminho sinodal.
Pretende-se que esta iniciativa envolva todos e ponha todos a refletir e a desbravar em conjunto novos caminhos para a igreja católica alemã. “Trata-se de criar um espaço em que possamos falar uns com os outros, não uns contra os outros”, referiu o presidente da Conferência Episcopal Alemã, o cardeal Reinhard Marx”, na conferência de imprensa de apresentação da primeira assembleia.
Nesta primeira assembleia foram sobretudo levantadas as questões em torno dos quatro temas propostos. “Mais que encontrar respostas, trata-se de identificar e formular as questões que a Igreja na Alemanha tem de trabalhar e de aprofundar para poder levar o Evangelho às pessoas numa sociedade secularizada, para recuperar a sua credibilidade”, como disse, segundo o “7 Margens”, o moderador de um dos grupos de trabalho. Este é o ponto de partida de uma reflexão que se aprofundará durante dois anos. Será, todavia, “um caminho que não terá fim”, porque se está a iniciar “uma nova forma de ser igreja”, afirmou Thomas Sternberg, presidente do “Caminho Sinodal”, aos jornalistas.
A Alemanha já se afirmou como o motor económico da Europa. Com este “Caminho Sinodal” que a Igreja Alemã está agora a iniciar, abre também a possibilidade de se tornar no motor da renovação da Igreja Católica na Europa. Por isso, como refere o sítio “Religión Digital”, muitos já classificam este processo como o “Sínodo da Esperança”.

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