A opinião de ...

Bragança-Miranda, terra de missão

 
Os bispos portugueses decidiram convocar um Ano Missionário. Este iniciou-se este mês e terminará em outubro de 2019. A iniciativa surgiu na sequência da convocatória do Papa Francisco a toda a Igreja para a vivência de um mês missionário em outubro de 2019, com o intuito de celebrar o centenário da Carta Apostólica “Maximum Illud”, de Bento XV, que rasgou novos horizontes para a missão da Igreja.
“Com espírito profético e ousadia evangélica, a Carta Apostólica Maximum Illud exortara a sair das fronteiras das nações para testemunhar a vontade salvífica de Deus através da missão universal da Igreja”, escreveu o Papa na carta em que proclamou outubro de 2019 como Mês Missionário Extraordinário. “A aproximação do seu centenário serve de estímulo para superar a tentação frequente, que se esconde por detrás de cada introversão eclesial, de todo o fechamento autorreferencial nas próprias fronteiras seguras de qualquer forma de pessimismo pastoral, de toda a estéril nostalgia do passado, para, em vez disso, nos abrirmos à jubilosa novidade do Evangelho”.
“Também nestes nossos dias, dilacerados pelas tragédias da guerra e insidiados pela funesta vontade de acentuar as diferenças e de fomentar os conflitos, seja levada a todos, com renovado ardor e funda confiança e esperança, a Boa Nova de que, em Jesus, o perdão vence o pecado, a vida derrota a morte e o medo triunfa sobre a angústia”, conclui o Papa Francisco.
“Acolhendo com alegria a proposta do Papa Francisco de um Mês Missionário Extraordinário para toda a Igreja, nós, Bispos portugueses, propomo-nos ir mais longe e celebraremos esse mês como etapa final de um Ano Missionário em todas as nossas Dioceses, de outubro de 2018 a outubro de 2019”, refere, por seu turno, a Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa “Todos, Tudo e Sempre em Missão.
Com esta iniciativa os bispos portugueses pretendem que todos, “bispos, padres, diáconos, consagrados e consagradas, adultos, jovens, adolescentes, crianças” façam “a experiência da missão”. Que todos se disponham a sair – a ir “até uma outra paróquia, uma outra diocese, um outro país, em missão”.
Falar em missão significa sempre ter esta disponibilidade de sair e de assumir a atitude que o Papa Francisco tem tantas vezes proposto, a de uma “Igreja em saída”. Quando se pensa numa atitude missionária, a primeira imagem que surge é a dos missionários que partem para terras distantes a anunciar Jesus Cristo àqueles que nunca ouviram falar dele. Hoje, contudo, este ardor missionário pode e deve ter outro sentido. Pois, embora o nome de Jesus Cristo seja conhecido e a maioria das pessoas se considerarem cristãs, de facto, não conhecem em profundidade o Evangelho, nem as implicações que ele poder ter para a sua vida.
João Paulo II falava da necessidade de uma Nova Evangelização do mundo Ocidental. Bento XVI preferia chamar-lhe uma “reevangelização”. Também a diocese de Bragança-Miranda precisa de um renovado ardor no anúncio de Jesus Cristo, reinventando métodos e propondo novas formas para exprimir a relação com Deus. Tal não é fácil, tendo em conta a dispersão geográfica das suas comunidades: mas é uma das tarefa mais desafiadoras a que um cristão pode dedicar a sua energia e a sua fé.

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