Brigantinos do culto e, da cultura
Como é que uma diocese pobre, como Bragança, do “interior profundo”, esquecido, de Portugal, tem tantos sacerdotes, duas gerações de homens do culto e da cultura, reconhecidos no mérito, académico, literário, político e, científico?
O Cónego Silvério Pires convoca doze sacerdotes, eu acomodo-os em duas equipas por ordem cronológica, a história do século passado conferiu-lhes as insígnias, atribui-lhes os méritos e, louvores. Ora, vejamos como fica constituído o plantel:
1. Ernesto de Sales [1864/1946], Abade de Baçal [1865/1947], Abade Tavares [1868/1935], Miranda Lopes [1872/1942], José de Castro [1886/1966].
2. Nogueira Afonso [1912/2011], Luís Ruivo [1913/1997], Pe. Alves de Parada [1915/1995], A. Mourinho [1917/1996], Aníbal Varizo [1921/1994], Joaquim Rebelo [1922/1995], Belarmino Afonso [1931/2005] [1].
Há quem diga que uns, os primeiros, foram diretamente contagiados por Leite de Vasconcelos [1858/1941] e, outros renomados investigadores Portugueses da época. Os outros, os segundos, inspirar-se-ão nos seus colegas antecessores e nos renomados Lusos. Outros dirão tinham tempo, gosto e, as matérias por eles estudadas davam os primeiros passos e, estavam na moda. Nada mais redutor se avalia-se-mos o seu jogo apenas por este campo de visão.
Recentemente José Amaro Pombal na sua publicação, retirada da matéria apresentada à prova de licenciatura canónica em História, “o Seminário de Bragança [1820/1826], da Confessionalidade à Separação”, assinala outras pistas, para ajudar a perceber a nossa inquietação, sem que fique esgotada a matéria do dilema. A partir de 1851 a formação do clero sofrerá grandes mudanças. O Bispo Mariz [1885/1912] reforma o Seminário, os currículos académicos, introduz manuais mais ajustados, saraus literários, prémios de comportamento e mérito científico, integra educadores de Braga, novas disciplinas, introduz os laboratórios de química, botânica e mineralogia, melhora o edifício e, envia para Roma o primeiro aluno, o Dr. Guilhermino [2].
Se D. Mariz contribuiu para ajudar a formar a primeira geração, de notáveis, D. Abílio, não fez menos pela segunda.
Henrique Pereira e Sandra Vale tiram do pó dos Arquivos a “Correspondências Mons. José de Castro, António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano”, possibilitando-nos conhecer melhor um dos primeiros, “notório nas esferas político-diplomáticas”, “plenamente integrado nos meandros do Vaticano”, historiador “sério”, nas palavras autorizadas e amigas do académico Marcelo Caetano. Mons. de Castro, “Brigantino de lei”, sacerdote convicto, informa Salazar, a partir de Roma: “O Papa não pode ceder a Hitler…Todos nós – com o Santo Padre na frente classificamos de miseráveis estes nacionalismos” [3].
Parabéns pelos mais recentes trabalhos da coleção Presbyterium, o saber que acrescentam é importante para emitir opinião nas questões das instituições e pessoas da Diocese e, as obras lêem-se num fôlego.