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Luz da Paz de Belém na Marcha pela Paz em Bragança

Mais de 2 mil pessoas participaram em Bragança na marcha silenciosa em solidariedade com Luís Giovani Rodrigues, jovem cabo-verdiano assassinado, uma indignação expressa em várias cidades portuguesas, no dia 11 de janeiro [VN, 13/01/20].
“A comunidade do IPB apelou à paz e à tolerância, numa altura em que a tranquilidade é fundamental, pois ali estudam mais de 8.300 alunos, dos quais cerca de 3.000 são estrangeiros provenientes de 70 nacionalidades” [MB, 16/1/20], juntamente com centenas de pessoas anónimas da cidade, congregaram-se junto à escola, passando pela Praça da Sé, em direção à Catedral onde D. José, Bispo de Bragança-Miranda, presidiu à Eucaristia e, exortou: “Nunca mais a violência! Nunca mais o ódio! Sim a mais fraternidade! Sim a mais Paz! Sim a mais cultura da Vida e do Amor” [VN, 13/01/20].
As autoridades locais lideraram o processo, sustendo durante toda a marcha um cartaz, jovens envergando “t-shirts” brancas, locais com flores, outros ainda com pequenas mensagens, mas todos em grande silêncio. No candelabro da Luz da Paz de Belém, que a mãe de um dos dirigentes escutas conservou aceso, desde o dia de Natal, “acenderam-se velas pela Paz na praça da Sé, onde o silêncio e a consternação eram o tom dominante” [MB, 16/01/20]. As velas desenharam no chão a palavra Paz e, outras partilharam-se entre os participantes, que as levaram acesas até à Catedral.
“A Luz da Paz de Belém” começou por ser um programa da televisão pública austríaca, “Light in the Dark” [Luz no Escuro], para ajudar os carenciados, da Áustria e países vizinhos. Os escuteiros austríacos assumiram e renovaram este projeto, direcionando-o para as crianças carenciadas. E, em 1990, já a Luz que chega a Viena, viaja pela Europa e, América.
Todos os anos, uma criança do norte de Áustria recolhe a luz na gruta onde Jesus nasceu e leva-a para Viena, onde é distribuída, numa cerimónia ecuménica, semanas antes do Natal. Várias delegações participantes fazem-na chegar aos seus respetivos países com uma mensagem de Paz, Amor e Esperança.
A Luz chegou a Portugal, na primeira década deste século, pela mão do “Movimento Scout Católico de Espanha” e, do Cônsul Honorário da Áustria, residente em Albufeira. Hoje, uma delegação de escuteiros portugueses desloca-se a Viena e transporta a Luz diretamente para Portugal onde, em cerimónia nacional, é partilhada com os Agrupamentos de todo o país [CM, 23/12/2016].
Em Bragança, só o Agrupamento XVIII, distribui todos os anos nas igrejas mais de um milhar de velas, que os fiéis levam para suas casas e, procuram manter acesas até à noite de Natal.
O silêncio da marcha e, o brilho da Luz da Paz de Belém, lembraram que “mais vale acender uma vela que maldizer a escuridão”. A luz clareou a “afirmação dos valores da não-violência, do respeito pelos outros, da paz, da multiculturalidade”, como pedia Orlando Rodrigues, presidente do IPB. A presença silenciosa revelou a proximidade, como queria D. José Cordeiro e, foi demonstração inequívoca de uma comunidade brigantina mobilizada pela paz, que se quer acolhedora, como disse Hernâni Dias, presidente do Município [LUSA, 11/1/20].

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