Bichado da castanha estraga entre 20 a 30 por cento da produção anual mas já tem solução

Foi apresentada, na passada sexta-feira, em Vinhais, uma nova solução biológica na luta conttra o bichado da castanha, que pode contribuir para a redução dos prejuízos na produção. “O bichado da castanha anualmente traduz-se em perdas entre os 20 e os 30% ”, revelou José Laranjo, da Ref Cast-Associação Portuguesa da Castanha.
Apesar de o bichado da castanha ser um problema de há muito e ser detetado todos os anos, não é dos que maiores preocupações tem dado aos agricultores. “Não é dos problemas que afeta os castanheiros mais falados, mas é dos mais nocivos. Fala-se muito da doença da tinta e da vespa da galha do castanheiro, que está a aumentar, apresar de o processo de combate estar em curso. Este ano estamos num ciclo mau na vespa. Em 2023 tivemos a podridão, que melhorou em 2024. Só este problema do bichado é contínuo e temo-lo todos os anos”, referiu o investigador da Ref Cast.
A nova solução foi apresentada por uma empresa italiana que utiliza armadilhas com feromonas para atrair os insetos machos. Os dispositivos devem ser instalados nos soutos entre agosto e setembro. “Tanto este tratamento como os outros químicos devem ser feitos para evitar perdas. Temos de deixar de ser coletores de castanha para passarmos a ser produtores de castanha. É preciso olhar para os castanheiros todo o ano, fazer tratamentos como nas outras culturas, e não só na altura da apanha, se quisermos ser competitivos na fileira em quantidade e qualidade”, observou Laranjo.
Este investigador lamenta que os agricultores se tenham resignado no que respeita ao bichado. “Em mil quilos são 200 quilos de castanha que deitam fora porque estão bichadas. O prejuízo na produção compensa os custos de um tratamento que se possa efetuar”, indicou José Laranjo
Tratamentos por pulverização são mais complicados
Já existem outros tratamentos no mercado, através da pulverização. “O que não é fácil porque os castanheiros são árvores de grande porte e os agricultores não estão dotados de equipamentos”, referiu Abel Pereira, presidente da Associação Florestal Arborea, localizada em Vinhais.
Este responsável desdramatiza os prejuízos no final. “Até à data não têm feito uma diferenciação da castanha bichada ou não, como muita vai para a indústria, para a produção de farinhas, não causa efeito, como nas vendas em fresco. Porém o bichado está a crescer e é preciso ter precauções”, observou Abel Pereira.
Martinho Martins, vice-presidente da Câmara de Vinhais, admite que “ainda não são muitas as soluções” para combater o bichado da castanha. “Tal como na questão da podridão da castanha, também neste caso as alterações climáticas terão influência, o que tem contribuído para este problema ter aumentado”, afirmou o autarca.
Este novo tratamento para o bichado pode ser usado em modo de produção biológica.
O Município de Vinhais está a apostar nos soutos e submeteu uma candidatura no âmbito da Cogestão ao Fundo Ambiental no valor de 600 mil euros tendo em vista a continuidade da proteção do castanheiro.
A candidatura submetida através do programa Norte 2030, prevê um planeamento lógico resultando numa metodologia que atue nos vários problemas que estão a afetar os soutos, nomeadamente a tinta e o cancro do castanheiro. Também a poda dos castanheiros está prevista, sendo-lhe atribuída uma parte da verba. A poda é uma fase fundamental para o desenvolvimento e proteção de doenças do castanheiro, tendo em conta que se eliminam os ramos problemáticos, deixando a árvore saudável.