Nordeste Transmontano

Carreira aérea entre Bragança e o Algarve interrompida por tempo indeterminado

Publicado por Glória Lopes em Qui, 2024-10-03 09:57

Desde a passada segunda-feira que Bragança e Vila Real ficaram mais distantes de Lisboa e de Portimão com a interrupção da ligação aérea, que fez a última viagem nesse dia. No site de reservas a Sevenair, empresa que assegurava o serviço há 15 anos, explica que os voos estão suspensos “por tempo indeterminado”, não sendo possível comprar bilhetes. “Prevemos que esta paragem seja mínima. A Secretaria das Infraestruturas e a Sevenair estão empenhadas na construção de uma solução para o futuro desta ligação aérea”, refere a operadora.
O responsável pelas operações da Sevenair, Sérgio Leal, tinha alertado na passada quarta-feira que a empresa ia deixar de assegurar o serviço “face do incumprimento dos pagamentos assumidos pelo Estado, que já perfazem uma dívida de 3,8 milhões de euros”.
O segundo contrato por ajuste direto também terminou na segunda-feira, depois de ter sido celebrado em julho para os voos poderem continuar a realizar-se face ao atraso do concurso público internacional para atribuição da concessão, lançado a 27 de março, com o valor de 13,5 milhões de euros para quatro anos, e que devia estar concluído no dia 1 de outubro, mas está atrasado. O TRibunal de Contas ainda não deu o visto aos contratos.
A concessão da ligação Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão vigorou entre 2020 e 28 de fevereiro de 2024. Depois disso o governo anterior e o atual fizeram ajustes diretos para que a carreira não fosse interrompida. “Até ao momento nenhum dos dois contratos foi pago. Estava acordado o pagamento mensal. Tanto no primeiro (750 mil euros) como no segundo (900 mil euros) nada foi pago. A estes valores acresciam os últimos trimestres de 2022 e 2023, bem como as garantias necessárias neste tipo de contrato, cerca de 600 mil euros. Nós fizemos o serviço, cumprimos, mas não recebemos”, afirmou Sérgio Leal indicando que virtude do estrangulamento de tesouraria, a Sevenair não quer manter o serviço “por manifesta impossibilidade”, uma vez que a empresa “não está em condições financeiras de suportar mais custos”.

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