Catarina Martins quer campanha focada no abandono do interior e das pessoas
Catarina Martins, candidata à presidência da República, apoiada pelo Bloco de Esquerda, promete durante a campanha eleitoral “falar da forma como tanta gente tem sido abandonada”, explicou numa entrevista exclusiva ao Mensageiro.
MDB: Que problemas identifica no Interior do país como urgência na resolução?
R: Eu acho que o maior problema em Portugal é o abandono. Eu pensei que muitas vezes, aquilo de que se fala é do abandono do interior. Quando se está aqui, mas é preciso dizer quem está cá não o abandonou, porque está cá, vive cá e arranja soluções. Também porque o abandono não é um abandono só do território e isso já seria muito. É o abandono das pessoas de várias gerações, ou seja, nós estamos a dizer às pessoas das gerações mais jovens, de Bragança, que é difícil arranjar aqui emprego, estamos a abandoná-las. Quando elas querem começar a vida aqui.
MDB: Como poderão ficar?
R: Há aqui um Instituto Politécnico. Nós temos de olhar para como é que as pessoas depois podem ficar aqui e trabalhar aqui, mas nada contra que as pessoas circulem.
Ainda bem que circulam, mas também é preciso haver mais emprego aqui, mas, também, temos as pessoas mais velhas, abandonadas. Ficam muitas vezes sozinhas, distantes de tudo, sem os cuidados do que precisam. E eu acho que Portugal está a precisar de uma Presidente da República que queira cuidar do país. Eu não acho normal que o país fique abandonado. Nós vemos a política, a falar dela própria, vemos a selvajaria, a gritaria as propostas indecentes que não têm pés na cabeça. E vemos muito pouco falar do concreto da vida das pessoas. Acho que as pessoas aqui em Bragança, sentem o mesmo que se sente no resto do país, ainda que, com algumas diferenças.
Por exemplo, a crise da habitação que se dizia que era uma crise urbana, de Lisboa e do Porto. Não, é aqui, também, em Bragança. As pessoas sentem como a habitação, está cada vez mais difícil conseguir.
MdB: Devido aos preços?
R: Sim. Os preços, penso eu. Não se resolveu o problema num sítio. Ele acabou por se estender ao país todo. Não é portanto, um problema localizado. Houve outro, e não há ninguém que não sinta mesmo, mesmo quem tenha o problema da casa resolvido, que é o da fatura do supermercado, ou seja, o preço da alimentação. Está tudo está cada vez mais caro. Os salários são muito mais baixos e, principalmente, aqui nesta zona, como nós sabemos. O salário médio ainda por cima é abaixo de outras zonas em Portugal, e, portanto, se em todo o país a conta do supermercado é um problema, aqui é maior.
Aqui tornou-se um problema ainda maior, ainda que as pessoas, eventualmente, algumas, até tenham algumas alternativas, além do supermercado, mas porque há alguma produção local.
MdB: Há a questão das baixas reformas. Não, é só a média dos salários dos trabalhadores, que é baixa, há muita gente idosa que recebe pensões de sobrevivência?
R: É uma zona do país onde houve muita gente que dedicou a sua vida, por exemplo, à produção agrícola. Nunca tiveram carreiras contributivas. Não por sua culpa, mas pela forma como o país está organizado, ficaram de fora do sistema. Acabam depois por ter pensões que são muito, muito baixas, mesmo e que não dá. E depois há estas questões do abandono que são questões que há em todo o país. Depois temos as causas, digamos assim, de modernidade e de equidade. Não se percebe. Como é que a cobertura de rede aqui é tão má? Como é que pode haver ainda locais sem acesso à rede de telemóvel e de internet?
MdB: É das zonas do país com mais zonas sombra na cobertura.
R: Como é que nós podemos assistir que continuem esses pontos negros aqui, onde não há rede quase em todos os setores da economia. Todos dependem disso, porque dependem de tecnologia que funcione. Esta entrou em todos os setores, que dependem de rede. A rede é para tudo.
A internet é preciso para tudo da vida de qualquer pessoa. Na agricultura temos cada vez mais sistemas avançados. De tecnologia e de comunicação.
Atualmente, todo setor econômico depende de infraestruturas básicas para ser produtivo. Antes eram apenas estradas e saneamento, mas hoje a rede também é essencial. E, portanto, quando nós estamos a retirar a uma zona, a cobertura plena, estamos a retirar da possibilidade de uma economia de um desenvolvimento económico e, portanto, emprego mais bem pago.
MdB: Tinha sido anunciado pelo governo socialista a cobertura de todas as freguesias com rede 5G, mas ainda não se concretizou o projeto.
R: Há aqui um problema. Eu acho que um Presidente da República, não deve ser um presidente do jogo partidário, tem de ser um presidente que tem de ser a voz do país. Eu não quero deixar que ninguém no paí, esteja abandonado e que nenhuma zona do país esteja abandonada. Precisamos de exigir, mesmo, a igualdade.
E depois, aqui nós temos outro problema. Como é que fica a riqueza que é produzida. Não é isso? É uma coisa que se vê muito em todo Trás-os-Montes. A riqueza sai daqui. Boa parte da energia que o país consome sai daqui.
MdB: Foi conhecida uma decisão do Ministério Público que diz que as barragens devem pagar impostos e que a EDP terá de pagar 335 milhões de euros. Qual a sua posição?
R: Aliás, foi um processo que eu acompanhei de perto. Sempre exigi que os impostos fossem pagos. O Ministério Público, aliás dá-nos razão.
Os impostos têm de ser pagos e têm de ser entregues às pessoas que vivem na zona. Mas além destes impostos, há toda uma forma de como a energia é produzida e é levada. Não fica aqui nada. As pessoas aqui não pagam a energia mais barata com os outros sítios.
MdB: Até gastam mais. Devido ao clima frio que exige aquecimento no inverno a fatura da energia aumenta consideravelmente nas residências.
R: Gastam, mais pagam o mesmo. E não veem repercussão desse facto no país. Vir aqui buscar tanto, dão tanto ao país e não sentem que haja distribuição. Há a história do Tua [Plano de Mobilidade do Tua] quer dizer, o Mário Ferreira já devia ter agido há tanto tempo. Estão todas as decisões tomadas, mesmo essas coisas, não há retorno.
Foi uma promessa face á construção das barragens. Tiraram a linha de comboio. Ou seja, as populações daqui perderam.
Perderam mobilidade, que era sua, perderam condições importantes para a sua economia, para o seu emprego, em nome de algo, que reverte para todo o país. E depois as contrapartidas que foram prometidas não são dadas.
MdB: É função do presidente alertar para esses problemas?
R: É preciso um presidente que chame a atenção para as dívidas que temos. As dívidas que temos para com o povo que trabalha para com este país, e para com todas as regiões.
MdB: Essa questão das barragens foi sempre uma luta do Bloco de Esquerda. Logo desde o início. Pouco depois de ser conhecido o negócio viram que havia ali algo irregular numa transação de muitos milhões que não deixava contrapartidas nenhumas.
R: A EDP fez de conta que não estava a vender aquelas barragens, ou seja, criou uma espécie de transmissões artificiais antes da venda. Um esquema para não pagar impostos, ou seja, é mesmo um esquema para não pagar impostos.
É preciso dizer isto porque se uma pequena empresa disser que não imite fatura para não pagar IVA isso é irregular, porque é fugir aos impostos. São os pequeninos. Mas se a EDP fizer um esquema de milhões já pode. Num país que se leva à sério. A EDP não pode estar acima da lei, e nós vivemos num país em que infelizmente parece que só os pequenos é que têm de cumprir tudo, e quem tem muito pode nunca cumprir nada, não é? E não pode ser. E nós sempre achamos que isso não tinha sentido e sempre nos levantámos contra isso.
Eu estive aqui, estive Miranda do Douro várias vezes, aliás, precisamente por causa disso por causa desta necessidade. Acho que esta decisão do Ministério Público é uma enorme vitória. Os mirandeses lutaram por esta vitória. Eu estive muitas vezes e estou desde o princípio nesta luta, mas o crédito e a quem ele deve ser dado é em primeiro lugar à população e a quem se organizou e nunca baixou os braços.
MdB: Foi essencial os municípios da área de influência das barragens constituírem-se como assistentes no processo?
R: Sim, os municípios, a maioria constituiu-se como assistentes no processo e muito bem. A sociedade civil, nomeadamente o Movimento Cultural da Terra de Miranda fez um trabalho notável. Na verdade, é o movimento civil que faz com que tudo isto aconteça. Portanto, enfim, eu estou aqui um bocadinho por causa disto. Eu gosto de Portugal.
MdB: Tem outra visão do Interior por ter uma ligação familiar à região?
R: Sou suspeita da minha costela transmontana, pela minha avó materna, mas sobretudo é olhar para o país, que não pode ficar abandonado. Nós podemos aqui viver melhor.
Nós temos aqui a experiência do politécnico, que combateu o despovoamento, atraindo estudantes de todo o mundo. Aliás, o posto do que nós ouvimos muitas vezes de quem quer um país fechado, envelhecido e sozinho no mundo. Aqui provámos que, pelo contrário, se pode crescer e estar melhor quando estamos abertos ao mundo, mas é preciso o passo a seguir. O passo a seguir é conseguir aqui as condições da economia, do emprego para que os mais jovens possam ficar e queiram ficar, e também as condições de acesso aos hospitais e à saúde.
MdB: A Urgência médico-cirúrgica do Hospital de Mirandela está fechada há dois anos.
R: É problema, porque as pessoas precisam. Há uma coisa que é muito importante, ou seja, que é muito importante perceber, que cada vez que se desprotege uma parte do país toda a gente fica mal, ou seja, quando o hospital deixa de ter urgência cirúrgica em Mirandela, também ficam pior de todas as pessoas que eram servidas por este serviço, nos concelhos limítrofes. Também ficam piores.
Todas as pessoas que eram servidas pela urgência cirúrgica de Bragança também ficam pior, porque esta ficou com pressão a mais para a capacidade instalada.
É mau para toda a gente. É por isso que o país não pode ser visto numa competição.
Eu apresentei a minha candidatura para dizer que quero cuidar dos bens comuns.
MdB: O que quer dizer com isso concretamente?
R: Quero cuidar da democracia, porque eu acho que é mesmo preciso mudar a forma como a política se tem comportado. Se isto for todos uns contra os outros, ficamos todos mal. Tem de ser, pelo contrário, para
toda a gente. Para vivermos melhor e para pensarmos melhor.
MdB: Na sau agenda da visita consta o Instituto Politécnico de Bragança, que este ano contou com menos entradas através do Concurso Nacional de Acesso, embora depois compense com os alunos internaciomais. Isto preocupa-a?
R: Há que ver se é necessário mudar a regra de acesso. Este ano entraram menos alunos e os politécnicos do interior foram penalizados no concurso nacional de acesso. É muito bom que o Instituto Politécnico tenha aos alunos internacionais, acho que isso contraria o despovoamento, dá mais massa crítica ao próprio politécnico, dá mais mundo. Isso dá mais centralidade a um politécnico que podia parecer algo de periférico, mas como tem mais estudantes internacionais, acaba por não ser periférico. Pelo contrário, está no centro do mundo, e isso é muito importante para a própria qualidade científica de aprendizagem que o politécnico oferece depois, é muito diferenciador, até do ponto de vista nacional. Mas nós queremos isso, tudo também para os estudantes de cá, e portanto, nós queremos que seja bom para toda a gente. Não temos de escolher entre uns e outros. É uma política errada.
É uma política errada dificultar que os politécnicos estão no interior do país tenham estudantes nacionais. É uma política profundamente errada, mais uma vez. Não é escolher entre uns e outros.
É saber que há uma estratégia com estudantes internacionais que serve também os estudantes nacionais. Só assim é que tem sentido. Só assim ficamos num país mais coeso.
MdB: Com uma quebra de acesso dos alunos nacionais há vários cursos, sobretudo, nas áreas de engenharia, nomeadamente na Escola Superior Agrária, em que a maior parte dos estudantes são internacionais.
R: O que é um erro não escolher esses cursos, porque os cursos daqui são reconhecidos e são reconhecidos como tendo uma enorme qualidade. Nós precisamos em Portugal desde novos engenheiros agrónomos, com as melhores qualificações, que possam beber das melhores experiências nacionais e internacionais. Nós somos um país que, ou muda a sua paisagem, do ponto de vista da floresta e da agricultura, ou está condenado com as alterações climáticas.
Nós vemos os incêndios, cada vez maiores. Vemos as secas. Vemos as tempestades cada vez mais frequentes e, portanto, nós precisamos de uma nova geração muito qualificada nesta área. Os cursos ligados à engenharia agrária e todo o saber relacionado com estas coisas, não sou uma coisa do passado. São mesmo o futuro, porque é a intervenção no território que é importantíssima.
Não, só para a soberania alimentar portuguesa. Eu acho que se alguém achou, alguma vez, que Portugal não precisava de se preocupar com o que produz e com a sua soberania alimentar, se enganou. Depois da pandemia de chovido-19, acho que todos percebemos que é certo que ninguém é uma ilha e todos precisamos de relações comerciais com o resto do mundo. Toda a gente tem de assegurar que mantém o básico em todos os momentos, porque, de repente, acontece uma coisa qualquer e as coisas não circulam? E como é que nós ficamos e, portanto, soberania alimentar são absolutamente fundamentais e para isso, nós precisamos de repensar a forma como nós produzimos e, portanto, toda a qualificação nessa área necessária, e depois, como toda a gente, também já percebeu, o território, está cada vez mais perigoso.
MdB: Uma das suas preocupações é o despovoamento?
R: Porque há cada vez mais incêndios, um território despovoado, um território em que a agricultura desapareceu em muitos sítios. É um território que é cada vez mais perigoso e a solução tem de ser novos modelos de agricultura que sejam bem integrados, com a floresta bem integrados, com as populações que sejam do ponto de vista ambiental, sustentáveis. E para isso, precisamos estar a formar gente, informar gente que fique cá, e é por isso que é um erro tão grandes alterações.
MdB: Que sugere?
R: Um bom exemplo de uma de uma decisão que foi tomada, que foi muito perniciosa para o interior é a ideia de que os serviços públicos para estarem abertos precisavam de um determinado número de população. Se baixasse, é fechável. E o que esse deu? Há cada vez menos população, porque se fecha tudo, se fecha o centro de saúde, se fecha a escola e até o posto correio desapareceu, claro que há cada vez menos gente a viver nesses sítios e menos empresas a instalarem-se. Toda a gente precisa de condições. E portanto, quando o Estado disse porque há pouca gente, nós fechamos, o Estado, falhou às pessoas que lá estavam naquele momento. Querem ir para lá ou quererem lá manter-se. Expulsou as pessoas das suas terras, porque uma pessoa não consegue ficar numa terra onde não há nada, e é por isso que eu digo que a função de um Presidente da República é o contrário. É dizer que o Estado não pode abandonar. Nem pode falhar à população, tem de ter uma estratégia.
Eu sei que nós não podemos abrir um hospital em cada conselho e seria absurdo. Mas precisamos de ter uma estratégia para reabrir. Abrir centros de saúde, reabrir escolas postos do correio, para pôr melhores transportes no país.
Não digo que se tenha de reabrir tudo um dia para o outro, porque sabemos que isso o país não conseguia e também não ia correr bem. Não é fazer tudo como estava, mas tem de haver uma estratégia de povoamento.
Digamos assim, além de serviços públicos, que significa povoamento, também emprego qualificado, que chama mais gente, mais economia e mais empresas. Porque nós não podemos pedir às empresas que se vão instalar num sítio onde o estado foi embora e abandonou tudo isso. E, portanto, tem de haver uma estratégia pública. O papel do presidente é colocar os que interessam na sociedade e o debate contra o abandono. É um debate fundamental em Portugal.
Nós estamos a abandonar território. Estamos a abandonar gerações. Estamos a expulsar as pessoas, e nós sabemos como fazer diferente e fazer diferente.
MdB: O que pode ser feito?
R: É termos a capacidade de ser solidários de planear. E de permitir que as pessoas cresçam aqui.
MdB: Há serviços que encerram e não reabrem como a direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, que estava sediada em Mirandela.
R: Sim, e antes disso, já tinham fechado as unidades de proximidade de agricultura, que existiam aqui há uns anos e que eram fundamentais. Por exemplo, para trabalharem, juntamente com os produtores agricultores e produtores locais sobre novas formas de intervir no território e de os proteger, até, contra a seca, os incêndios, etc.
Fecham serviços e não reabrem, nem abrem outros.
É preciso uma estratégia para a reabertura de serviços. Eu acho que o interior precisa de duas coisas fundamentais, uma estratégia para reabertura de serviços, porque os serviços públicos trazem emprego qualificado e com isso também ajudam mais empresas mesmo do setor privado a desenvolver-se. Se o público vai embora, não é o setor privado sozinho, que vai conseguir fazer nada, isso é um engano.
MdB: O Estado falhou com o Interior?
R: O Estado falhou quando se foi embora e o Estado tem de começar outra vez, a aparecer com os seus serviços públicos fundamentais, desde a escola ao centro de saúde, os Correios, que têm sido privatizados. É preciso que isso apareça.
Outra coisa que é que é muito necessário fazer é pensar na população que nós temos. Como é que nós temos um Estado que sirva a população que temos. Nós temos uma população envelhecida que precisa de cuidados.
O acesso à saúde tem de ter uma forma diferente. Não é dizer às pessoas de idade, que vivem longe de tudo, agora para fazer prevenção da saúde e para controlar a sua hipertensão aos seus diabetes, vai ter de fazer não sei quantos quilómetros para a consulta.
Há profissionais na saúde e no SNS extraordinários e bons exemplos. Só que são, muitas vezes, mais projetos localizados e nós precisávamos de um projeto que fosse um uma grande aposta do Estado de colocar equipas de enfermeiros. Temos tantos enfermeiros que estão a emigrar do país, jovens. Com as melhores qualificações que são desejados por todos os países do mundo e que nós não estamos a aproveitar.
Porque é que nós não lhes damos os direitos de carreira e de salário que eles devem ter como toda a gente? Mas também deviam dar a autonomia para eles criarem um projeto e depois nós vamos apoiar esta comunidade.
É preciso outra forma de pensar o país. Eu acho que estas eleições presidenciais são muito importantes para lançarmos esse discurso. Vamos cuidar do país. Já chega de abandono.
MdB: Nas legislativas e nas autárquicas o Bloco de Esquerda perdeu votação e ficou aquém do habitual. Isso prejudica a sua candidatura?
R: A candidatura não é partidária. Claro que as pessoas sabem no que eu acredito, como é a minha vida e a minha ligação ao Bloco. Ao contrário de outros, eu não coloco nada em gavetas. É mesmo a minha vida. É o que eu sou, mas a minha candidatura é uma candidatura pessoal. Eu acho que dei provas de duas coisas na vida. Uma é de que sei fazer pontes, sei juntar pessoas, sei ouvir pessoas. A outra é que eu tive responsabilidades que me obrigaram a discutir a economia, a saúde, a educação. Tantas coisas diferentes e, por isso, sei que também tenho a experiência. Tenho, não só a capacidade de fazer as pontes, como conheço muito bem o país. Tenho essa experiência e também vejo muito sinceramente até pelas sondagens, que valem o que valem, que, claramente, as pessoas reconhecem essa capacidade de eu ir além de um espaço político partidário. Estou a fazer a minha campanha muito para lá da minha d minha a fronteira partidária.
