A opinião de ...

Lutas e lutas

Ao longo dos últimos oito dias, a agricultura no Nordeste Transmontano passou por vários estados de alma, indo do assalto ao sobressalto, até terminar no expectante.
Desde a passada quinta-feira que os agricultores da região deram mostras de uma união pouco comum, uma conjugação de esforços e vontades raras de se ver cá pelo burgo.
A manifestação, que nasceu de um descontentamento generalizado do setor, levou ao ajuntamento de cerca de duas centenas de tratores no coração do distrito e, inclusivamente, ao corte da A4.
Apesar do aparato, a verdade é que só a posição de força levou a Ministra da Agricultura a abandonar a habitual postura autista, levando-a a um diálogo com os agricultores, cá na região.
Uma posição de humildade que não deve ter sido alheia à pressão do próprio Primeio-Ministro demissionário sobre a senhora.
É que era mais do que previsível que a ideia peregrina de cortar nos fundos a que os agricultores têm direito por terem aderido à produção em regime biológico, por exemplo, com o aviso a surgir na véspera dos pagamentos, iria correr mal à mente iluminada que a teve.
Depois de vários avisos (aqui no Nordeste Transmontano, o Mensageiro de Bragança foi o primeiro jornal a alertar para o perigo desta situação vir a acontecer), o Ministério não alterou a sua postura e quis mesmo aplicar cortes de até 35 por cento nas verbas anunciadas, às quais os agricultores se candidataram, depois de a isso instados pelo próprio Ministério.
Ainda por cima, a dois meses de um ato eleitoral que vai eleger o próximo Governo. A incompetência (para não dizer estupidez) neste caso é tanta que mais parece uma tentativa de sabotagem ao próprio partido que sustenta este Governo e que entretanto mudou de líder.
Há muito que estava claro que Maria do Céu Antunes era um erro de casting. A forma como geriu todo este processo foi apenas a consequência. Se não saísse por o Governo deixar de estar em funções, teria de ser demitida, sem apelo nem agravo.

Mas a região sofre, ainda, com outras incompetências, como as de quem gere os CTT desde que foram privatizados. A empresa responsável pela distribuição postal no país aburguesou-se, quis dar uma de novo rico e dedicou-se à atividade bancária, deixando de lado precisamente a função pública a que estava, e está, obrigada, pelo contrato de concessão que assinou com o Estado Português.
Há zonas da cidade de Bragança (cidade, não do meio rural), que há uma semana não recebem correspondência. Com isso, ficam por entregar cartas do médico, pensões e jornais, incluindo o Mensageiro de Bragança.
Quem responde por esta incompetência de manter um serviço público pelo qual se recebe de todos nós??

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