A opinião de ...

Os apagões da campanha eleitoral em curso

Como é consabido, vamos ter eleições legislativas em 18 de Maio e, num louvável esforço de serviço público de informação, as televisões e as rádios proporcionaram-nos dezenas de debates entre os representantes das diferentes candidaturas.
Foram demasiados os apagões desta campanha pela ausência de discussões sérias sobre: protecção ambiental, a habitação, a situação internacional, defesa, imigração, segurança, economia, Europa, guerra Rússia- Ucrânia, e opções religiosas. Na última semana, o último apagão, o eléctrico ibérico, pôs a nu as fragilidades do país em matéria de planeamento de segurança, infraestruturas, protecção civil e responsabilidade ética dos agentes políticas. Uma breve palavra para cada um deles.
O nosso planeta, a Terra, vive uma situação dramática em termos de degradação ambiental, e, se Portugal não pode mudar o mundo, pode, pelo menos, mudar muita coisa em si mesmo.
A habitação tornou-se um drama por omissão dos governos. Todos se têm subordinado aos grandes interesses económicos.
Nem uma palavra dos agentes em campanha para a situação internacional cuja complexidade exige uma preparação séria para as relações internacionais e as novas relações de Poder e entre poderes.
O mesmo em relação à defesa e à segurança das quais todos fogem como o diabo da cruz. A verdade é que os temas são imprescindíveis tanto pelas fragilidades do país como pela complexidade das relações internacionais.
Em matéria de imigração e de segurança, todos começaram a dar razão ao Chega mas não aprofundaram os temas na pré-campanha. O Governo veio agora falar da expulsão de 18.500 imigrantes mas todos sabemos que podem ser 200.000 os ilegais e são-no por omissão dos dois governos que precederam. O receio é que, passadas as eleições, tudo volte atrás por omissão ou desleixo.
A segurança acompanha as omissões da imigração. Com efeito, o apagão da protecção civil aquando do apagão eléctrico revela as fragilidades do país em termos de segurança e de planeamento do funcionamento dos meios e processos de funcionamento do país.
Na economia, ninguém levantou a discussão sobre o crescimento económico, sobre o financiamento do emprego, da administração pública, da segurança social, da educação, da saúde, da habitação.
Idem para as questões europeias como se Portugal não fizesse parte da União Europeia.
Idem sobre a guerra Rússia- Ucrânia como se Portugal não tivesse nada a ver com isso.
Nem houve discussão sobre os problemas culturais e cívicos dos portugueses falando-se de ética como se ela fosse isenta de opções morais, que não são opções religiosas.
E também não houve discussão nem sobre a religião nem sobre as diferentes opções religiosas sob a alegação de que a religião é um assunto da vida privada, o que, sendo verdade, não dispensa a consideração da necessária não subordinação do Estado à religião. A religião é a principal fonte da identidade cultural e afetiva de um povo mas há religiões fracturantes e há religiões universalistas. A mais universalista é a cristã e a menos é a islâmica. Por isso, a paz também é matéria religiosa.

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