A opinião de ...

Sobre a Ciência

Caro leitor, início esta série de artigos sobre Ciência realçando que esta não é a única forma de conhecimento de que a Humanidade necessita. Contudo, irei descrever factos e histórias que evidenciam a sua importância.
A Ciência baseia-se no método científico e pressupõe observação, formulação de uma hipótese e sua verificação, análise dos resultados e conclusão.
Assim, foi o método científico que permitiu, por exemplo, desenvolver as vacinas contra a COVID-19 e concluir que a mudança climática é real.
Porém, o avanço da Ciência não é um processo harmonioso. Quando alguém tem uma ideia nova é necessário ter uma convicção injustificada de que todas as teorias existentes estão erradas ou incompletas. Por qualquer motivo, o cientista tem um preconceito filosófico, social, ou um traço de personalidade, que o leva a persistir numa ideia revolucionária. É necessária bastante insensatez para se pensar numa teoria diferente quando quase não há evidências, assim como coragem para se rebelar contra o conhecimento aceite pela comunidade científica. Esta oferece resistência, pois a Ciência é feita por pessoas, com emoções e controvérsias.
Deste modo, apresento três disputas científicas. A autoria do Cálculo Infinitesimal, uma importante área da Matemática, foi disputada entre Newton (1642-1727), pai da física moderna, e Leibniz (1646-1716), brilhante filósofo e figura central da Matemática. A polémica teve contornos diplomáticos e opôs Ingleses a continentais. Após um longo processo, Newton saiu vencedor, apesar das sequelas para ambos os contendores.
Outro exemplo é o de Maxwell (1831-1879), o génio que uniu a eletricidade e o magnetismo, originando o eletromagnetismo, no qual se baseiam as tecnologias de informação e comunicação. Morreu antes da sua teoria ser aceite pois o cientista Inglês mais importante do seu tempo, Lord Kelvin (1824-1907), não concordava.
Por fim, Boltzmann (1844-1906), outro revolucionário que influenciou diversas áreas da Física, apresentou a razão pela qual se deixarmos um frasco de perfume aberto num canto da sala o cheiramos do outro lado passado pouco tempo. Para tal fundamentou-se na teoria atómica. Contudo, morreu desacreditado pois o cientista continental mais prestigioso, Mach (1838-1916), não acreditava em átomos.
Estes exemplos revelam que a Ciência não é uma marcha que avança harmoniosamente. Aliás, Planck (1858-1947), prémio Nobel da Física, disse que uma nova teoria nunca triunfa pelo facto de convencer os adversários. Estes nunca ficam convencidos. Morrem e são substituídos por outra geração que cresce com as novas ideias e as vê como normais, não como estranhas.
Desta maneira, nunca temos a certeza de que uma teoria científica está correta. A dúvida e o questionamento são uma constante da Ciência e motivo para debate.
Ainda assim, há três critérios para uma teoria científica ser aceite: estar de acordo com os fenómenos que pretende descrever; ter capacidade de prever novos fenómenos; possibilitar a construção de novos instrumentos, aumentando a nossa capacidade de ação no mundo.
É desta forma que a Ciência evolui e nos auxilia.

Edição
4005

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