Márcio Santos

Meteo Trás-os-Montes

A água que no verão há-de regar, em abril e maio há-de ficar

Com as chuvas dos últimos dias, muitos pontos da nossa geografia conseguiram acumulados muito próximos das normais climatológicas para abril. Seriam valores muito positivos se tivesse chovido o que deveria nos meses de inverno, assim, e apesar da precipitação registada ao longo deste mês, a seca continuará a dominar o panorama meteorológico no nosso país nas próximas semanas e meses.


Uma água de Maio e três de Abril valem por mil.

Se no passado mês de março os prognósticos a médio e longo prazo se cumpriram, o mesmo não se pode dizer das previsões para o arranque de abril, previa-se um arranque do novo mês dominado pelas altas pressões, contudo assistimos a uma mudança radical de padrão nos últimos dias, com trovoadas irregularmente repartidas pela nossa geografia nos primeiros dias desta semana, pela descida brusca das temperaturas que sentimos desde ontem e pelo regresso de alguma precipitação em forma de neve nas terras altas.


Se não chover entre março e abril, venderá El-rei o carro e o carril

Desenganem-se aqueles que pensam que os três dias de chuva da semana passada foram suficientes para minimizar os efeitos da seca, já grave, que afeta não apenas a nossa região, mas todo o país de norte a sul. Embora a situação não seja desesperante para aqueles que vivem das atividades do mundo rural, parece-me mais evidente que a situação se vai agravar nas próximas semanas. O modelo europeu ECMWF nas projeções de médio/longo prazo prevê pouca precipitação pelo menos até ao final de março.


Quando vem março ventoso, abril sai chuvoso.

É oficial, todo o país já se encontra em situação de seca meteorológica. No final de fevereiro 4,8% do país estava em seca severa, 57,1% em seca moderada e 38,1% em seca fraca. O último mês foi mesmo o quarto mais seco dos últimos 20 anos e a chuva que caiu foi apenas 34% da considerada normal para a época. No que toca às temperaturas, o valor médio da máxima do ar situa-se nos 16.79 graus e foi o mais alto para fevereiro desde 1931, primeiro ano com registos históricos, numa anomalia de mais 2,41 graus, que fazem deste mês o mais quente de sempre.


Março marçagão, manhã de inverno e tarde de verão

Amanhã chega a primavera meteorológica! Mas a primavera não chega apenas no dia 21 de março? No calendário civil e astronómico sim, mas em meteorologia o calendário é outro, as estações do ano chegam sempre no primeiro dia do mês correspondente, ou seja, o inverno começa a 1 de dezembro, a primavera a 1 de março, o verão a 1 de Junho e o outono a 1 de Setembro.


Fevereiro quente traz o diabo no ventre

A última semana foi pautada, uma vez mais, pelo bloqueio do persistente anticiclone dos Açores, com noites frescas e formação de geadas em alguns locais, neblinas e nevoeiros matinais em especial nos vales e terras baixas e pela ausência ou escassez de precipitação. Choveu no último fim-de-semana em quantidade muito inferior ao necessário, o que em nada contribui para minimizar a situação de seca meteorológica que já atinge a região desde finais de janeiro.


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