Entrevista a Isabel Ferreira, cabeça de Lista do PS pelo Distrito de Bragança

Estratégia Socialista contempla “as pessoas, as dinâmicas empreendedoras e de inovação e a valorização do território”

Publicado por Glória Lopes em Qui, 2024-02-08 16:17

sabel Ferreira, docente e investigadora do Instituto Politécnico de Bragança, atual secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, foi escolhida para cabeça de lista do Partido Socialista pelo círculo de Bragança, nas próximas legislativas de 10 de março.
A candidata explicou em discurso direto as propostas do partido para o distrito.

Qual será a estratégia que vai defender para o distrito de Bragança na Assembleia da
República?

R: A definição de políticas estratégicas e a implementação das ações correspondentes tem sido uma das minhas principais atividades enquanto Secretária de Estado da Valorização do Interior e, depois, como Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional.
No Programa de Valorização do Interior, identificámos os projetos estruturantes e as niciativas prioritárias a desenvolver de forma diferenciada em cada uma das regiões do Interior, e isso só foi possível em virtude da caracterização exaustiva de cada uma dessas regiões, da identificação completa das suas potencialidades de desenvolvimento, mas
também dos constrangimentos que obstaculizam uma maior celeridade de crescimento.
A estratégia a ser implementada no distrito de Bragança está, por isso, completamente delineada. Assentará em quatro pilares de desenvolvimento: as pessoas, as dinâmicas
empreendedoras e de inovação e a valorização do território.

2- Quais as principais medidas que quer apresentar e defender assim que tomar posse?
R: Nos quatro eixos indicados, o envolvimento dos agentes locais e atores do território, especificamente os municípios, as duas Comunidades Intermunicipais, o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), as empresas, as entidades de economia social, os produtores e as associações, será uma constante. Queremos atrair e fixar os jovens, apostando na criação de emprego, mas queremos também envolver os cidadãos seniores como atores relevantes do desenvolvimento económico e social.Temos que tornar os centros urbanos cada vez mais digitais, verdes, atrativos e dinâmicos, valorizando igualmente os meios rurais que precisam de revitalização e completa integração. A este reforço da coesão no distrito, à maior capacidade de atrair e fixar pessoas através da criação de emprego, será associado um aumento dos incentivos e uma cada vez maior
articulação entre o IPB, as entidades de interface (como o Laboratório Colaborativo MORE e o Parque de Ciência e Tecnologia) e o tecido empresarial. Estamos certos que o distrito de Bragança afirmará a sua identificação como centralidade
ibérica, para o que em muito contribuirão as ligações transfronteiriças inscritas no Plano de Recuperação e Resiliência e outras que se lhe poderão seguir no âmbito da Estratégia
Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço. Será fundamental o reforço dos Agrupamentos Europeus de Cooperação Transfronteiriça presentes no território.

3. Quais as principais medidas que quer apresentar e defender assim que tomar posse?

R: No que concerne às pessoas, não há qualquer dúvida de que representam o mais importante elemento no território. A aposta centrar-se-á na capacitação profissional, na garantia integral de serviços essenciais de educação, saúde, cultura e transportes, de um elevado índice de qualidade de vida e na contínua harmonização entre a vida pessoal e profissional.
O distrito de Bragança tem de oferecer as melhores condições a todos os seus atuais habitantes e afirmar-se como um destino de eleição para aqueles que venham a decidir
tornar-se nossos conterrâneos. Temos que reforçar os programas de mobilidade, nomeadamente o Trabalhar no Interior, com particular atenção para o desenvolvimento de dinâmicas de fixação de jovens qualificados.
No que diz respeito ao tecido empresarial, continuaremos a promover o empreendedorismo qualificado e criativo, a inovação e a diversificação produtiva e a aposta progressiva na
afirmação nacional e internacional, impulsionando o Programa de Captação de Investimento para o Interior. O nosso território tem excelentes exemplos de empresas que têm primado pela diferenciação e expansão do seu mercado produtivo, e certamente continuaremos a ter novas referências em setores diversificados, contando também com o contributo da nossa Diáspora.

4- Como deputado/a eleito por uma região do Interior, irá defender os interesses do distrito de Bragança ou a linha do partido, mesmo que seja contrária ao que a região
precisa?

R: Como não poderia deixar de ser, qualquer iniciativa de valorização do território deve estar apoiada na inovação tecnológica e no conhecimento científico, que continuamente sustentarão as medidas que a implementar. Temos uma Instituição de Ensino Superior com preponderância a nível nacional e internacional, temos Centros de Investigação em diferentes
áreas, um Laboratório Associado e um Laboratório Colaborativo. Do ponto de vista da valorização do território, a proximidade à fronteira continuará a ser valorizada através do reforço de iniciativas de cooperação, com envolvimento dos Agrupamentos Europeus de Cooperação Territorial (Zasnet, Bragança-Leon, Duero-Douro). Neste âmbito, temos que afirmar o primeiro ecossistema de inovação ibérico, o Iberian
FoodTec Lab, com centralidade em Bragança e que se estende pela região Norte e pelas regiões da Galiza e Castela e Leão.
Na dimensão ambiental, o nosso território é dos mais atrativos pela forte identidade do seu
património natural e paisagístico, sendo essencial conciliar a preservação dos ecossistemas com a atividade turística e agroflorestal. Temos que melhorar a valorização dos nossos recursos endógenos, sob todos os pontos de vista, gastronómico, turístico, cultural, histórico, e natural, usufruindo da diversidade ímpar do distrito de Bragança.

5- Que projetos emblemáticos para o distrito de Bragança não foram concretizados na Legislatura anterior e por culpa de quem?

Apresentar um Programa de Mobilidade para o Interior com reforço de benefícios fiscais e de estímulo à criação de emprego. Mas daremos também prioridade ao acompanhamento da concretização de acessibilidades rodoviárias fundamentais para o distrito, bem como de
conectividade digital para que se cumpram as metas estabelecidas até 2026 para a cobertura de internet em todos os territórios. A digitalização da economia e o recurso crescente ao trabalho remoto constituem uma oportunidade de atrair população para territórios que estão a perder população.

6. Como deputado/a eleito por uma região do Interior, irá defender os interesses do
distrito de Bragança ou a linha do partido, mesmo que seja contrária ao que a região precisa?

R: Essa pergunta parece implicar a necessidade de fazer uma escolha, mas, na verdade, tal não se verifica. Concretamente, porque a linha do partido e as suas orientações estratégicas, defendem a valorização do interior com grande assertividade. Não antecipo, por isso, que
venha a verificar-se qualquer tipo de confronto entre a tipologia de iniciativas a implementar no nosso distrito e as prioridades do partido. Ainda assim, e na eventualidade de que num ou
outro ponto específico não se verifique total coincidência entre as duas partes, certamente encontraremos a melhor solução para as nossas gentes e para o nosso território.

6. Que projetos emblemáticos para o distrito de Bragança não foram concretizados na Legislatura anterior e por culpa de quem?

R: Bom, logicamente que o facto de a Legislatura ter sido encurtada de forma inesperada não
permitiu a finalização de alguns dos projetos emblemáticos, mas que estão em curso. É o caso da ligação Bragança-Puebla da Sanábria, da ligação Bragança-Vinhais, das novas residências estudantis de Bragança e de Mirandela, do Centro de Atividades e Capacitação
para a Inclusão de Macedo de Cavaleiros, da reabilitação da reabilitação de 42 fogos no Bairro Santo Cristo em Torre de Moncorvo, dos projetos de descarbonização da produção energética de Carrazeda de Ansiães, de Miranda do Douro e de Vinhais, dos projetos de mobilidade elétrica de Freixo de Espada à Cinta, de Vila Flor e de Vimioso, do projeto de
capacitação digital de Mogadouro ou do projeto de gestão florestal de Alfândega da Fé. Mas esses projetos são considerados prioritários e está assegurado o seu financiamento. Procuraremos, igualmente, dinamizar o Polo de Inovação Agrícola de Mirandela; apostar na
interação arte-ciência com o Laboratório de Artes da Montanha Graça Morais, Encontro das Artes em Vila Flor e Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes, bem como atribuir aos territórios os impostos das barragens e o pagamento de outros serviços de ecossistema, otimizar a produção animal e agrícola, aumentar a oferta de produtos agroindustriais e
agropecuários diferenciados, implementar um plano integrado de gestão hídrica e aproveitamento hidroagrícola, privilegiar as fontes de energia renováveis, fomentar o turismo de natureza e patrimonial, promover a língua mirandesa, e revitalizar aldeias.
Destacamos também a ponte sobre o rio Maçãs e respetivos acessos, uma obra reivindicada pelo município de Vimioso há mais de 20 anos e de inegável utilidade para a coesão territorial do nosso distrito. A sua inclusão no Programa Nacional de Investimentos 2030, com um orçamento previsto de 25 M€, é um importante indicador da sua prioridade.
Finalizo com uma das ações que deverá ser central no nosso distrito: torná-lo um protagonista nacional e internacional no domínio agroalimentar. Temos os recursos dos nossos produtores e empresas, temos produtos altamente diferenciados em termos de qualidade e autenticidade e temos os atores que podem introduzir conhecimento e inovação no setor, nomeadamente o IPB e o MORE, constituindo um ecossistema de inovação territorial dinâmico e gerador de riqueza.

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