A opinião de ...

11. 25 de Abril de 1974. Os Homens do Norte!

Há três militares a destacar: Capitão Eurico Corvacho, coordenador operacional, Tenente-Coronel Carlos Azeredo, comandante operacional, Capitão António Delgado Fonseca, o «multifunções».
Capitão Eurico Corvacho 1937-2011
Natural da Horta/Torre de Moncorvo. Fez os estudos liceais no colégio S. João de Deus, no Porto, e ingressou na Escola do Exército em 1956, onde concluiu o curso de Artilharia. Cumpriu 3 comissões em Angola e 1 na Guiné. Foi o elemento do MFA a quem o Major Otelo confiou a coordenação das operações na região Norte, com especial incidência no Porto. Foi bem-sucedido, orientando a partir do QG, objetivo estratégico e onde prestava serviço como comandante do esquadrão de Polícia Militar, “todas as peças nos bastidores da revolução”. Saltou para a ribalta no pós 25 de abril, apostado em ser «o Otelo do Norte», com todas as incongruências e exageros revolucionários. Assumiria o comando da Região Militar do Porto, como Brigadeiro graduado, integrando o Conselho da Revolução. Militando na ala mais radical da esquerda militar, onde se tornou o paladino do combate ao dito capitalismo nortenho, é um dos derrotados do “verão quente” de 1975, quando o brigadeiro Pires Veloso se impôs. Em 12 de novembro, é exonerado do comando da Região Militar e do Conselho da Revolução e, após a vitoriosa contra-revolução de 25 de Novembro, é detido em Custóias. Foi compulsivamente passado à reserva em 1981 no posto de Major, sendo-lhe reconstituída a carreira 20 anos depois, reformando-se como Coronel.
Tenente-Coronel Carlos Azeredo 1930-2021
Natural de Várzea de Orelha/Marco de Canaveses. Fez o liceu no colégio dos Jesuítas em Santo Tirso e ingressou na Escola do Exército em 1948, onde se fez oficial de Cavalaria. Cumpriu 2 comissões na Índia, 1 em Angola e 2 na Guiné. Elemento ativo do MFA no Norte, comandava o Centro de Instrução de Condutores Auto N.º 1 (CICA 1) no Porto a 25 de abril de 1974. Pelas 03h, mobilizou os efetivos da unidade, com os quais tomou o QG no Campo de Santo Ovídio, contando com a colaboração de oficiais colocados no seu interior. Na tarde do dia seguinte, coadjuvado por efetivos de Infantaria 8, de Braga, e Cavalaria 6, do Porto, ocupou a sede da Polícia Política (DGS). Posteriormente, foi Presidente da Junta Governativa da Madeira e o último governador civil do Funchal. Foi assessor militar do 1.º Ministro Sá Carneiro e, como oficial general, 2.º Comandante e Comandante da Região Militar do Norte e Diretor da Arma de Cavalaria. Foi escolhido para Chefe da Casa Militar do Presidente da República Mário Soares, a quem se apresentou como “Católico, Monárquico e Conservador”.
Capitão António Delgado Fonseca
Natural de Vila Garcia/Trancoso, onde nasceu em 1937. Oficial de Artilharia, cumpriu comissões de serviço em Timor-Leste, Leste de Angola e enclave de Cabinda, onde aderiu ao Movimento dos Capitães. Colocado no Centro de Instrução de Operações Especiais/Lamego (CIOE), em inícios de abril de 1974, recebeu como missão contribuir para o derrube das estruturas políticas e militares do Porto e ocupar a sede da DGS. Às 03h, saiu de Lamego com a companhia de comandos 4041, que estava para embarcar para a Guiné, e elementos das operações especiais, reforçados com armas pesadas. Ao início da manhã, entrou em contacto com o QG e CICA 1. Então, falho de informações sobre o andamento das operações, referindo que “a Revolução parecia ter passado ao lado da segunda cidade do país”, decidiu a meio da tarde distribuir estrategicamente as forças, tendo em conta que a PSP, ao contrário da GNR, não “recolheu a quartéis” e a Legião Portuguesa envolvia-se em ações de sabotagem ao nível das comunicações. Assim, estabeleceu apoio ao Quartel-General, reestabeleceu as comunicações telefónicas e rádio televisivas, ocupando o Monte da Virgem, e desincentivou as ações de repressão da PSP contra a população. No day after, mostrou-se ativo nas Campanhas de dinamização Cultural. Gonçalvista convicto, chegou a ser contactado para ministro da Administração Interna do 5.º Governo Provisório. É um dos derrotados pelo 25 de Novembro, lamentando-se pela interrupção precoce da revolução em curso. A sua carreira iria prosseguir “de prateleira em pratele

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