A opinião de ...

O descenso de Ascenso

Há um bom par de anos escrevi um artigo onde criticava um gravo acto cometido por Ascenso Simões então secretário de Estado das Florestas que no meu entender prejudicava os interesses do Nordeste. O pelouro das Florestas escapou-lhe mas não uma pingue mordomia ao passar a pasta governamental.
O camarada Ascenso voltou ao tablado da Assembleia da República, por lá se tem mantido e mantém porta aberta na comunicação social onde publica textos abstrusos para não os acoimar de esdrúxulos.
Na enxurrada de opiniões desencadeadas pela morte de Marcelino da Mata que teve a ousadia de sendo negro combater integrado no exército do Estado Novo e, após a independência da Guiné preferiu continuar a ser português em detrimento da sua ancestralidade.
O deputado Ascenso também entendeu «botar» escrita sobre o devir histórico da Pátria lusa cuja independência remonta ao ano de 1148 e, ao longo 872 anos a sua História perdeu a independência em 1580, readquiriu-a em 1640, tem tido período de apagamento, de sufoco das liberdades, de brilhantismo, vivendo nos dias de hoje dento do sistema democrático após 48 anos de ditadura encabeçada por Salazar.
O deputado Ascenso porque honorável ganhava (já não ganha) o respeito da generalidade dos portugueses se tivesse tento na língua, como não tem, escreveu sobre o seu pesar em virtude de o 25 de Abril ter sido levado a efeito sem mortandades, sem brutalidade, sem sangue, porque foi uma festa celebrada em todo o País, admirada, estudada e saudada no Mundo inteiro mesmo nos países totalitários, pelos também famintos de paz, pão e plena expressão do pensamento. O Sr. Ascenso ressuma ter sede de sangue a golfar aos borbotões ao modo dos porcos a esvaírem-se após terem recebido uma profunda facada na garganta no dia da sua matança numa aldeia transmontana. Não contente, atreveu-se a defender a destruição do Padrão dos Descobrimentos. Destruição!
O bárbaro Atila. O huno flagelo de Deus, certamente, inspirou o desejo de Ascenso ser o camartelo operativo do Padrão construído à beira da Torre de Belém, a seguir no seu afã de apagador da nossa História, desfazia-a para logo a seguir proceder da mesma forma relativamente ao Mosteiro dos Jerónimos. Que se poderá imaginar mais torpe que isto?
Esta inusitada tomada de posição prenuncia o descenso vertiginoso de Ascenso em direcção ao muro da vergonha. O estatelanço será tão brutal quanto um tiro de dinamite em pedreira de xisto!

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3822

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