A água na fervura
As eleições Europeias são, por tradição, pouco caras aos portugueses. Há cinco anos, a abstenção no distrito de Bragança superou os 70 por cento.
Mas, desta vez, talvez ainda imbuídos do espírito eleitoral motivado pela recente realização de eleições Legislativas (em março último), quase 40 por cento dos eleitores do distrito de Bragança foram às urnas, mesmo se não tinham nenhum representante seu em lugar elegível.
Portanto, os eleitores do distrito não só não levaram a mal a desvalorização da sua voz pelos partidos concorrentes como ainda a elevaram um pouco, na tentativa de serem ouvidos de uma próxima vez.
Mas se as eleições de março deixaram as emoções ao rubro, dados os resultados pouco esclarecedores e a minoria parlamentar que tem causado dissabores ao PSD e ao CDS na hora das votações na Assembleia da República, a verdade é que estes resultados, apesar de ter ganho agora outro partido (o PS), vieram deitar água na fervura.
E deitar água na fervura como?, pergunta o leitor mais incauto. Simples. Ao mostrar que a realização de novas eleições antes do final do ano iria deixar a situação parlamentar tão clarificada como agora, independentemente de quem ganhasse. Isto é, um pouco menos que caótica.
Resultado, tanto os partidos do Governo como os da oposição terão percebido que, nos próximos tempos, o melhor mesmo é entenderem-se sob pena de o povo penalizar, e muito, aquele que provocar a crise que levar a eleições antecipadas, pelo menos no futuro mais imediato.
Claro que isso abre porta às dramatizações, sobretudo por parte de quem está agora no Governo.
Por outro lado, os constantes desafios ao Governo na Assembleia da República também se podem virar sobretudo contra o PS.
Certo é que as eleições Europeias clarificaram que não há clarificação possível nos tempos mais próximos, pelo que não vale a pena ansiar muito por eleições antes do final do ano. Em último caso, o Governo gere o país em duodécimos e pronto.
Enquanto isso, os problemas vão surgindo em vários setores que estavam pacificados, como na saúde, em que continuam a faltar médicos e a sobrarem horas extra.
Afinal, não era só com António Costa que havia problemas...