Andar para os lados em vez de andar para a frente
Numa outra época, quando disputava campeonatos de todo o terreno em motociclismo, treinava muitas vezes com um amigo de infância, agora proeminente dentista em Bragança. Perante aqueles pilotos mais espalhafatosos, que gostavam de fazer derrapar a roda, dizia-me o Tiago muitas vezes: “quanto mais espalhafato, mais se anda para o lado. E quanto mais se anda para o lado, menos se anda para a frente”.
Estas palavras vêm-me muitas vezes à ideia quando vejo algumas medidas dos nossos governos.
A cada mudança de ciclo político, as primeiras medidas apontam muito mais para o espalhafato do que para fazer o país andar para a frente.
Se cada novo Governo que entra em funções estiver mais preocupado em desfazer o que o antecessor fez, passa-se o tempo a andar para os lados mas sem sair do lugar.
O que o país precisa é que se ande para a frente, sobretudo numa altura destas em que urge o tempo para executar verbas de milhões de euros em obras e projetos, que não andam.
Com tantas mudanças de nomes nos organismos, a máquina pública, que já de si é lenta, pesada, burocrática, fica completamente estagnada.
Quem sofre com isso são, em primeira instância, empresas e instituições que dependem da máquina do Estado para avançarem elas próprias e, em último grau, o próprio cidadão.