A opinião de ...

Saúde: Sete anos é muito tempo!

Sim, e especialmente na saúde, onde muitas vezes a vida se joga não aos anos e nem sequer mesmo aos dias ou às horas, porque, para o bem e para o mal, tudo se pode jogar em instantes, sete anos é escandalosamente muito tempo desperdiçado estupidamente, (o termo até poderá parecer muito forte, mas esta é a realidade nua e crua da situação calamitosa da saúde com que o país se confronta), situação que já não há como tentar branquear ou esconder.
Aqui chegados, pede-se e exige-se de todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que o Serviço Nacional de Saúde, (em boa hora criado, diga-se), se transformasse num sorvedouro insaciável e inútil de dinheiros públicos, que tenham a coragem e a lucidez necessárias para ler e interpretar objetivamente a estrema gravidade dos sintomas, reconheçam o rotundo fiasco da sua desastrosa gestão do SNS e, porque todo o mal que havia para fazer já foi feito, tenham a inteligência e a humildade de reconhecer que o seu tempo passou e, com a dignidade ainda possível, assumam perante o país a sua incapacidade total para inverterem a situação pantanosa em que a saúde se encontra, que eles criaram, extraindo daí as inevitáveis e necessárias consequências.
Porque não há mais tempo a perder quando tantos médicos e enfermeiros pedem o direito de escusa das suas responsabilidades profissionais;
Não há mais tempo a perder quando se é incapaz de garantir às parturientes que, na hora mágica de dar à luz, possam viver a hora sublime da maternidade em paz, com toda a dignidade, conforto e segurança para si e para os seus filhos;
Não há mais tempo para aceitar que a necessidade de recorrer a uma urgência hospitalar continue a ser uma dolorosa via sacra sem fim, em tantas situações em que a vida e a morte estão separadas por um instante;
Não há mais tempo para continuar a malbarata-lo inutilmente com promessas de que “estamos a fazer tudo”, sem fazer nada de nada;
Não há mais tempo para continuar a gerir os quadros de pessoal da saúde como se de uma massa acéfala e inútil se tratasse;
Não há mais tempo para continuar a iludir as pessoas com promessas demagógicas de que há médicos subaproveitados, continuar a gastar fortunas na formação de médicos e enfermeiros e depois vê-los partir para os países muito mais ricos que nós, sem fazer nada para os reter;
Não há mais tempo para uma política de saúde que não tem qualquer sensibilidade perante as dificuldades e o sofrimento dos cidadãos;
Não há mais tempo a perder quando os médicos garantem que o problema do fecho das urgências vai agravar-se até ao fim do ano;
Resumindo e concluindo, acabou o tempo para políticas de saúde do “SALVE-SE QUEM PUDER, E DEPOIS LOGO SE VERÁ”.

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3896

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