A opinião de ...

Dias Parente, o nicho e, a “Estância de Turismo do monte São Bartolomeu”

Em “Bragança é a nossa terra, folclore português, histórias e contos, lendas e narrativas: recordação da nossa infância”, um livro autobiográfico, edição de autor, Bragança, 1993, de João da Cruz Dias Parente, nele o autor descreve-nos uma das suas habituais subidas cinegéticas ao monte de São Bartolomeu, esta num antes de amanhecer, para desvendar o segredo das três mouras encantadas. Ciente da realidade do momento, na urbe brigantina, bem em cima do acontecimento, o ilustre brigantino, conhecedor como ninguém de todo o projeto municipal da “Estância de Turismo do monte São Bartolomeu”, acaba, como refere o próprio, “por sonhar a ampliação e requalificação do nicho de São Bartolomeu”. Esta obra, do conjunto de estruturas da “Estância” turística [estrada, escadório, capela, casa do peregrino, coretos, miradouros, Pousada], foi um local de referência por mais de seis décadas do século XX e, com potencialidades para ser, como foi pensado, “estância de Turismo nacional”.
Dias Parente [23-06-1913 a 14-08-2001] natural de Bragança, onde fez a instrução primária, o curso complementar do Liceu [7.º ano, ramo ciências]. Exerceu funções como chefe interino da 2.ª Secção da Secretaria Judicial da Comarca de Bragança e escrivão sendo, posteriormente, colocado na Câmara Municipal de Bragança, onde se aposentou como Chefe de Serviços. Foi Membro da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Bragança, da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários e Presidente da Direção da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas. Foi responsável da Comissão de Festas do São Bartolomeu, fundador do 1.º Clube de Caça e Pesca de Bragança, presidente da Comissão Venatória Concelhia de Bragança e membro da referida Comissão, durante vários anos. Autor de publicações de cariz cinegético, agrícola, etnográfico, social, cultural e, associativo.
Dias Parente sonhou e mobilizou um grupo de instituições e amigos que se voluntariaram para ampliar o nicho e, trabalhar para a “Estância de Turismo nacional”. Em colaboração com as autoridades locais, civis e eclesiásticas, encabeçou uma Comissão de Festas para arranjar dinheiro e remodelar o aprazível local. Assistiram nas festividades, de 24 de agosto de 1948, uma enorme multidão de fiéis devotos, o governador Coronel Augusto José Machado, o representante do presidente da Câmara Municipal de Bragança, Capitão Mário Artur Fernandes, e presidiu à liturgia, em representação do Bispo, D. Abílio Vaz das Neves, o Cón. Luís Afonso Ruivo.
Durante muitos domingos, um grande grupo, dos quais “o maior número era de Samil”, trabalhou “pro bono pública”, pela refeição, pelo convívio e, em favor da causa promovendo limpeza e arranjo do local, segundo Dias Parente. A Mordomia não só qualificou o local como rivalizou com as festas da cidade de Bragança. 

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3980

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