Polo de atratividade turística monte São Bartolomeu
á oito atas da Comissão de Iniciativa [CI], ou Comissão Municipal de Turismo [CMT], sobre o São Bartolomeu, dos anos 1939 a 1950, sete delas referem-se à Estrada de Turismo, ou à Zona de Turismo, mencionando o Hotel Turismo [HT] como “necessidade imperiosa que Bragança há muito se acostumou a considerar urgente mas como irrealizável” e, a oitava atribui um “auxílio monetário de 3.000$00 às Festas e Obras do São Bartolomeu. O HT foi das primeiras estruturas, deste complexo, a mais reclamada pela CMT, em toda a década de 1940, já que a primeira, o circuito EN 217-1, tinha sido assumido pela Junta Autónoma das Estradas [JAE]. Em 1959 o HT ainda não estava inaugurado, só em 1962 se fala dele como uma das melhores Pousadas de Portugal.
Verifiquei também, na década de 1940, as atas do Município, e só encontrei quatro referentes ao monte São Bartolomeu. Na primeira traça-se o plano de obras a levar a efeito no monte São Bartolomeu [Ata de 9-8-1942]; na segunda, de 1945, manda-se “limpar o caminho e, em ocasião oportuna [prevê atribuir-se] uma verba para auxílio da execução do projeto que foi submetido à aprovação e comparticipação do Estado” [verba e comparticipação que não vi referida em mais nenhum outro lugar]; na terceira delibera-se a “cedência” dos restos de um velho “gasómetro e o empréstimo de ferramenta” [1946]; na quarta, também ela de 1946, analisa-se um pedido de subsídio a atribuir “à Junta de Freguesia de Samil, para reparação do caminho que vai da Estrada de Turismo ao Santuário de São Bartolomeu, lado poente”.
O projeto de turismo do Monte de São Bartolomeu, em Bragança, foi uma obra projetada globalmente, executada por fases, a curto, médio e, longo prazo, desde os fim dos anos 1930, ao fim dos anos 1950. A sua concretização assumiu diversas formas: a programação e execução foi da iniciativa pública [circuito EN 217-1, HT - JAE, CMT, CMB], mas a maior parte desta “estância de turismo local” [escadório, ampliação da capela, casa do romeiro, miradouro, coretos, vedações, caminhos, arruamentos] foi obra executada e assumida com dinheiros da iniciativa privada, comércio local, população, Mordomos de São Bartolomeu, tendo à frente João Da Cruz Dias Parente, que durante varias décadas liderou um Movimento da Igreja Católica extraordinário à volta da “Romaria de São Bartolomeu”, durante mais de 50 anos, no século XX.
Fala-se do sonho de Dias Parente. Se começou como sonho, rapidamente abandonou a efabulação das “mouras encantadas” e, com os pés bem assentes na terra, ajudou de forma notável a tornar realidade um programa conjunto da CMT [ata de 5-11-1941] e do Presidente da CMB, Manuel António Pires [ata de 9-8-1942]:
- Dotar a cidade de polo de atratividade turística: destinado “a tornar-se, um dos mais preferidos dos seus habitantes” e, “cujo ponto central é o monte São Bartolomeu, que se qualificou nas suas estruturas, dotou-se de outras, para possibilitar a distensão, o lazer e o acolhimento”.