Smart Travel? Barba e Cabelo?
É espantoso como no espaço de meia dúzia de anos se têm vindo a misturar, mais ou menos de forma visível, alguns temas da atualidade especializada ou secundária. Temas que não abrem noticiários em prime time, mas que estão na base de muito do que se discute, investiga e trabalha nos dias de hoje.
Se há 4 anos atrás as ferramentas do Google (geolocalização, diretório, maps, etc.) eram apenas isso, tecnologia e internet, hoje em dia são muito mais. São ferramentas de turismo, são utensílios para as cidades, são pontos de inovação em aplicações móveis, são pano de fundo para jogos e entrosamento de cidadãos.
Também as comuns barbearias tinham muito pouco a ver com Cidades Inteligentes há meia dúzia de anos na maior parte do globo. Atualmente são referências de modernidade, inovação, criatividade nas grandes urbes como Londres, Nova York, Paris, Berlim e Amsterdão. Porquê? Porque é que o “cabelo e barba” se tornaram uma referência e uma característica de urbanidade? Pela mesma razão que a agora denominada Arte Urbana (ou Street Art, vulgarmente conhecida no século passado por Graffiti) se enquadra na mesma artéria criativa de uma juventude outrora “irreverente”, “clandestina”, “radical” ou “marginal”, agora “moderna”, “vanguardista”, “criativa” e “urbana”.
Enquadram-se igualmente neste mesmo conceito outros sinais outrora vistos de forma enviesada, agora abraçados, abençoados e atrativos como são o casos dos piercings e tatuagens.
O mundo mudou mesmo? Há uma meia dúzia de anos falar de turismo era praticamente falar apenas de hotéis, praia e sol. Hoje fala-se de muitas mais coisas. Fala-se de Economia por exemplo, fala-se de Tecnologia, fala-se do Marketing Digital e do Social Media. Fala-se de turismo rural e fala-se de produtos locais.
Palavrões ou chavões? São apenas conceitos. Aos quais se juntam muitos outros como a ‘Gamificação’, ‘Georreferenciação’, Realidade Aumentada, ‘Storytelling’, etc. Assim, já temos barbearias, misturadas com livros e música; tatuadores e graffiters que inundam as redes sociais e o online, para além das paredes propriamente ditas; tecnologia e novas formas de comunicar e envolver os cidadãos e os turistas. É um mundo novo.
O mundo das cidades que começa a dominar todo o espetro da comunicação e, como consequência, das nossas vidas. Num abrir e fechar de olhos, os últimos anos, misturaram temas e conceitos que não estávamos a prever. Por exemplo, a indústria Automóvel misturada com a indústria das Redes de Banda Larga e misturada com as plataformas de distribuição de canais TV. Por sua vez, todas estas, estão envolvidas na Internet das Coisas (Internet of Things) e na Cloud (Núvem), por sua vez, integram as cidades e enriquecem o conceito Smart City que já engloba por seu turno, tudo que tenha sensores e aplicações para smartphones.
E também se misturou o Turismo, pois é um dos sectores que absorvia já imensa tecnologia e todos estes conceitos. O Turismo como forma sustentável de desenvolvimento económico. E o Turismo como tema central na discussão das Cidades de hoje e do amanhã.
O Smart Travel é, indiscutivelmente, um dos temas quentes que está a fazer movimentar uma parte significativa dos investigadores, inovadores e empreendedores em todo o mundo. Os ‘Destinos Inteligentes’ estão de mãos dadas com as ‘Cidades Inteligentes’. E em Dezembro próximo espera-se que Trás-os-Montes e Alto Douro, o Nordeste de Portugal, se transforme no centro das atenções de todos estes temas. E espera-se, sobretudo, que o evento SMART TRAVEL 2014, coloque em perspetiva não apenas aquilo que já muitos conhecem mas, essencialmente, aquilo que muitos ainda desconhecem. Por exemplo, os dramas da gentrificação, o despovoamento acentuado das regiões periféricas, o abandono do rural e a massificação comercial e descaracterização dos destinos turísticos. Um dos grandes sinais de inteligência é reconhecer os erros. Este evento será o palco ideal para discutir e refletir. E também haverá Graffitis, Tattoos e Cabelo e Barba.