Diocese

D. Nuno Almeida quer abrir “portas e janelas para que os jovens possam sentir-se em casa

Publicado por AGR em Qui, 2023-06-29 14:28

O novo bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida, defende uma abertura de “portas e janelas” da Igreja para que”os jovens possam sentir-se em casa. A ideia foi defendida numa conferência de imprensa do prelado no passado sábado, em que apresentou algumas das suas ideias.
“O bispo deve trabalhar sinodalmente. Trago, interiormente, pela experiência feita, por aquilo que já conheço da diocese, trago algum sonho e pressentimentos que o espírito nos está a empurrar para alguns caminhos, que queria agora partilhar com os sacerdotes, com as realidades vivas da diocese e em diálogo com a sociedade. Apresento-me como alguém que tem encanto pelo Evangelho desde a adolescência, como Palavra para viver pessoalmente e comunitariamente.
Para podermos ser uma Igreja sinodal precisamos de ter o alicerce no Evangelho, na Palavra, precisamos da eucaristia, sobretudo a celebração da eucaristia dominical, e é preciso uma pastoral que ajude tendo em conta até as dificuldades que temos e a vastidão da nossa diocese, encontrarmos o modo de crescermos e de aprofundarmos esta vivência e celebração da eucaristia, para que o Evangelho esteja em contacto com a vida real, com os problemas, com as decisões de cada pessoa e de cada família”, disse.
D. Nuno Almeida falou ainda sobre a Jornada Mundial da Juventude, sublinhando que “precisamos de viver, de abrir o coração às surpresas que Deus tem reservadas na vivência da JMJ e às surpresas que o Papa sempre traz”. “E compreender a visão que o Papa tem para a pastoral dos jovens. Precisamos de criar uma nova relação, de nos aproximarmos dos jovens e vice-versa. Mas é necessário também oferecer aos jovens que quiserem a possibilidade de aprofundar a sua fé e as razões para a vida. Normalmente, faz-se em pequeno grupo, seja nos movimentos, nas paróquias, de forma espontânea. Há aqui um grande desafio de formação de pessoas que possam responder a esta necessidade e a esta ânsia dos jovens de caminhar juntos, sabendo acolher, sabendo propor e sabendo caminhar. O nosso desejo é abrir portas e janelas para que os jovens possam sentir-se em casa”, precisou.
Sobre a escassez crescente de vocações, sublinhou que “esta questão está diante de nós”. “Tendo em conta o número de paróquias, arciprestados, unidades pastorais, também as distâncias, felizmente a idade média dos nossos padres é baixa, temos ainda muitos padres jovens, o que já é uma vantagem. Mas sendo em número reduzido, implica uma colaboração e uma interajuda, que é fundamental.
Depois, a Igreja não pode ter um rosto clerical, precisa de ter um rosto de mãe, em que os leigos, as famílias tenham um papel na vida pastoral. Durante os anos como pároco, à medida que fui envelhecendo, fui percebendo que as coisas mais belas eram quando um casal se empenhava ou na catequese, ou num grupo de escuteiros. Esta dimensão familiar da pastoral e da pastoral que chama a família é fundamental. Mas estamos numa Igreja ministerial. Prepararmos pessoas para exercerem devidamente todos aqueles serviços que é possível exercerem. Falamos do ministério de catequista, da comunhão, e muitos outros que ainda poderão surgir. Implicam sempre uma formação específica mas, ao mesmo tempo, o dar espaço e responsabilidades para que as comunidades sejam comunidades vivas.
Outro aspeto muito importante é o diaconado permanente, que já existe na nossa diocese e que é necessário ir percebendo para o surgir de mais vocações e preparar devidamente o terreno para que se faça essa formação e possa aumentar o número dos diáconos permanentes”, destacou.
D. Nuno Almeida assegurou que vai “procurar aprofundar aquilo que já está feito e é muito e belo e, ao mesmo tempo, dar continuidade”. Deu o exemplo da criação das unidades pastorais, um “percurso que a diocese de Bragança-Miranda fez, com coragem, com decisão”, “olhando a evolução demográfica”, um percurso que já conhece “porque era uma espécie de exemplo para outras dioceses”. “Vou procurar aprofundar aquilo que já está feito e é muito e belo e, ao mesmo tempo, darmos continuidade”, prometeu.
O novo bispo disse ainda que “a Igreja tem a missão de propor o Evangelho, que nos oferece um projeto de vida com esperança e fecundo”.
Questionado sobre os abusos, referiu que “não pode haver na Igreja vítimas de abusos”. Não pode haver abusadores e não pode haver o silenciar. Isso significa que temos as coisas claras neste momento. Houve caminho que a Igreja fez com muita decisão, até em termos de normas, procedimentos, de reflexão. É hora de agir, mesmo quando isso é muito difícil”, disse.

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