Nordeste Transmontano

Distrital do PSD exige ao Governo três medidas para a saúde da região

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2023-10-26 11:20

A Comissão Política Distrital do Partido Social Democrata (PSD) critica o Governo pelo estado atual da saúde no distrito de Bragança e exige, em comunicado, três medidas concretas ao executivo chefiado por António Costa.

A estrutura social-democrata liderada por Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança, “tem acompanhado, com preocupação, os últimos desenvolvimentos relacionados com as dificuldades em assegurar a cobertura dos serviços de urgência que terão já levado à redução do número de camas de cuidados intensivos, bem como ao encerramento da urgência do serviço de Cirurgia Geral, na Unidade Hospitalar de Mirandela”.

“A situação atual, que a todos deveria preocupar, é fruto da degradação contínua, ao longo dos últimos anos da Saúde, no distrito, e resultante da falta de resposta e compromisso por parte da Administração no atendimento das reivindicações” das gentes da região, lê-se.

“Efetivamente, para além da relevante falta de profissionais, nomeadamente profissionais médicos, tem-se vindo a registar uma degradação das condições de acesso e dos indicadores de saúde do distrito, ao longos destes últimos anos”, aponta ainda o comunicado.

O líder distrital do PSD, que também é presidente da Câmara de Bragança, cita os Relatórios e Contas da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULS), publicados no site desta entidade”, para concluir que, em 2015, nas Unidades Hospitalares da ULS do Nordeste, tinham sido realizadas 106.801 consultas externas. “No ano 2022, foram realizadas, apenas, 98.810 consultas, ou seja, uma redução de cerca de 8.000 consultas. Também em 2015 registavam-se 77.497 episódios de urgência, sendo que em 2022 esse número decresceu para 72.455, ou seja, menos 5.000 atendimentos de urgência”, aponta o PSD.

Hernâni Dias, que cita o portal do SNS sobre os tempos de espera para consulta, considera que são “dados preocupantes”.

O mesmo comunicado aponta ainda outros problemas, como os dos serviços de ginecologia/obstetrícia, “outro serviço essencial para a sustentabilidade demográfica deste território”, em que se nota, “também, uma falta de profissionais tendo, muitas vezes, as parturientes de se deslocar a unidades hospitalares mais distantes, como seja Vila Real (implicando por vezes mais de 2h de viagem, por estradas sinuosas)”. “Nota-se, ainda, o recurso sistemático a profissionais médicos em regime de Prestação de Serviços, o que constitui uma situação de grande precariedade no funcionamento do serviço”, diz.

Ainda na área da Obstetrícia, o caso, “há anos reivindicado, das ecografias do primeiro e segundo (morfológica) trimestres, para as quais as grávidas são obrigadas a deslocarem-se a Amarante, percorrendo mais de 300km, para realizar um exame tão relevante no período de gestação, continua por solucionar”.

E, de acordo com os Relatórios e Contas da ULS do Nordeste, “esta apresentou, no exercício de 2022, um total de gastos de 135,4M€, ou seja, mais 45 Milhões de euros (um aumento de 50%) do que em 2015. É ainda possível constatar a existência de um Resultado Líquido do Exercício negativo de 19,5M€ em 2022, que se vem somar aos resultados líquidos negativos dos anos anteriores, dos quais se destacam os de 2020 e 2021, de - 20,9M€ e -23,1M€, respetivamente. Ou seja, no espaço de apenas 3 anos a ULS do Nordeste apresentou um resultado líquido negativo acumulado de mais de 63,5 milhões de euros!”, alerta o PSD.

“Mas o que deve realmente ser questionado é o facto de que, com gastos exponencialmente maiores, os resultados apresentados são piores. Em suma, gasta-se muito mais, para fazer pior”, sublinha.

Por isso, o PSD exige três medidas ao Governo: “A dotação da Unidade Local de Saúde do Nordeste com recursos humanos, nomeadamente profissionais médicos, em quantidade suficiente par ultrapassar todas as situações atrás referidas”; “a criação de condições de atratividade e diferenciação dos Serviços de Saúde no distrito de Bragança e consequente investimento, que permita, por um lado, a fixação de profissionais e, por outro lado, evitar na recorrente necessidade de deslocação dos utentes de Bragança para outras unidades de Saúde” e a revisão do modelo de gestão e governança, que permita conferir à ULS do Nordeste maior autonomia e flexibilidade para alcançar o pretendido nos dois pontos anteriores, mas responsabilizando, também o Conselho de Administração, pelos resultados obtidos”, concluiu o documento.

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