// Entrevista a Conceição Melo - candidata à Secção Regional da Ordem dos Arquitetos do Norte

“É preciso criar condições para que as aldeias do Interior sobrevivam”

Publicado por AGR em Ter, 2020-06-09 10:14

Numa altura em que a construção tem estado em alta, o Mensageiro entrevistou Conceição Melo, candidata da lista C à Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos.
Mensageiro de Bragança: Qual o ponto de situação que faz da profissão?
Conceição Melo: É muito difícil fazer um ponto de situação sério e rigoroso sobre o estado da nossa profissão. Isto porque não temos dados atualizados e fidedignos sobre o que fazem os arquitetos, e em que condição ou condições o fazem. Há muito que o exercício profissional deixou de se restringir à prática do projeto. Hoje, fruto das circunstâncias ou por opção, vemos arquitetos em empresas imobiliárias, peritos em avaliação de imóveis, em empresas de construção dando apoio ao desenvolvimento de produtos, em ilustração, em ações educativas, em curadoria, enfim, um sem fim de atividades que, ainda que relacionadas com a arquitetura, não constituem por definição atos próprios da nossa profissão de arquitetos. E mesmo quanto aos outros, aos que praticam atos próprios da profissão, que por isso têm obrigatoriamente de estar inscritos na Ordem, também não temos conhecimento do que fazem: quantos estão em autarquias locais e desses, quantos estão em projeto, quantos estão no ordenamento do território, quantos estão a informar processos de obras particulares? Quantos trabalham por conta de outrem, ou quantos têm empresas próprias, que tipo de trabalho fazem e para onde? Estão a faltar-nos um sem número de dados essenciais para perceber a profissão e projetá-la no futuro. Recentemente, já durante o período de campanha eleitoral, criticámos o facto da Ordem dos Arquitectos apresentar publicamente, antes de ter apresentado aos próprios membros, um Programa Estratégico para o Sector da Arquitetura (PESA). Sem pôr em questão a seriedade do estudo, até porque não tivemos ainda oportunidade de sobre ele nos debruçarmos com profundidade, pomos em questão a encomenda. Um Programa Estratégico elaborado para a região norte (e não para o país) e com dados imperfeitos, ou pelo menos parcelares e estáticos, não nos parece que sirva para muito, senão para dar corpo a programas e estratégias eleitorais. Se ganharmos as eleições teremos tempo para o discutir e pôr à discussão, de modo a fazer dele um verdadeiro instrumento de trabalho.

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