Nordeste Transmontano

Os casos de bullying dados a conhecer à APAV estão a subir

Publicado por Glória Lopes em Qui, 2023-10-26 10:48

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou um caso de bullying no distrito de Bragança no ano passado, segundo o relatório dos anos 2020-2022, mas no país interveio em 227 situações. Nos outros dois anos não houve qualquer caso reportado em Bragança, ainda assim estes dados referem-se apenas a bullying que é do conhecimento daquela associação, com ou sem denúncia às autoridades. No distrito de Vila Real houve um caso registado por ano em 2020 e 2021 e dois casos em 2022.

O número de denúncias tem vindo a aumentar a nível nacional, segundo a APAV, nomeadamente em 2020 foram 42, em 2021 subiu para 67 e em 2022 aumentou para 118.

Depois de analisados os dados a APAV traçou o seguinte perfil da vítima: sexo feminino (51, 1%), entre os 11 e os 17 anos (55,1%), nacionalidade portuguesa (81,1%), ensino básico-2º ciclo (17, 2%), distrito de Lisboa (29,1%), agressões entre colega da escola/trabalho (62,6%), bullying verbal (37,8%), bullying decorreu no estabelecimento de ensino (81,7%). Os distritos mais populosos do Litoral, como Lisboa (30 em 2022), Porto (20 em 2022), Setúbal (12 e, 2022) e Faro (11 em 2022) são aqueles onde há mais casos reportados.

A maior pate dos autores é do sexo masculino, 30% (77) enquanto 23,3% (60) dos autores era do sexo feminino. A faixa etária mais representativa dos autores de situações de bullying é entre 11 e 17 anos de idade, 18,3% (47).

Destaque também para 19 (7,4%) autores que tinham até 10 anos de Idade. Uma parte significativa, 24,9%, são estudantes (64).

A APAV chama a atenção para agressões perpetradas por colegas de escola/trabalho (161- 62,6%). Dos 257 autores, 57,6% (148) era da mesma escola que a vítima. Os 148 autores das situações eram tanto da mesma escola como turma da vítima (105- 70,9%).

Dos vários casos, 37,8% foram violência verbal (133) bem como a violência física (115- 32,7%), estas foram as dinâmicas de agressão mais representativas para as vítimas de bullying que procuraram a APAV entre 2020 e 2022.

Para 65,2% das vítimas (148) não foi feita queixa, nem apresentada denúncia junto das autoridades competentes. Das 44 vítimas que apresentaram queixa ou para as quais foi feita denúncia da situação de violência, a maior parte, equivalente a 43,2% (19) foi realizada na Guarda Nacional Republicana (GNR).

O estabelecimento de ensino foi o local mais representativo, com 81,7% (196) para a prática de situações de bullying que chegaram ao conhecimento da APAV nesses anos. A escola foi informada da situação de violência em 164 (72,6%) das 226 dos casos.

A 20 de outubro assinalou-se o Dia Mundial de Combate ao bullying, e a GNR juntou-se à data “pela relevância que representa na vida das crianças e jovens”, indicou fonte do comando nacional, para “alertar e sensibilizar a população em geral e, em particular, as crianças e jovens, os quais serão as mulheres e homens de amanhã, para a relevância da temática com o objetivo de apelar a uma estratégia de consciencialização, que visa contribuir para a mudança de comportamentos da sociedade e para a progressiva intolerância social face à violência nas escolas”.

Ainda segundo a GNR “A violência ocorre fora da visão dos adultos e grande parte das vítimas esconde ou evita a denuncia da agressão sofrida, pelo que esta sensibilização é extensível aos pais, professores e funcionários pelos sinais de alerta que devem procurar denunciar e saber reconhecer, no contexto escolar e em ambiente familiar”.

O bullying é um conjunto de atos que servem para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e reiterados, praticados por uma ou mais pessoas no contexto de uma relação desigual de poder, causando dor e angústia nas vítimas. Atualmente, e associado ao recurso às novas tecnologias, nomeadamente às redes sociais, o bullying tem assumido novos contornos, dando origem à vertente virtual do ciberbullying.

No âmbito das suas competências em matéria de prevenção criminal, a GNR tem desenvolvido uma série de ações de sensibilização relacionadas com o bullying, num total de 1 285 no ano letivo de 2022/2023, tendo sido direcionadas para 52 652 (entre crianças, jovens e adultos), maioritariamente em contexto escolar. No mesmo ano letivo, a Guarda registou 140 crimes, envolvendo Bullying e Cyberbullying.

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