A opinião de ...

1 - Crise Indisfarçável nas forças de segurança, um espetáculo degradante perfeitamente evitável

Sem pretender por em causa o direito que, numa sociedade livre, assiste a todos os cidadãos de reivindicarem a melhoria das suas condições de vida e de lutarem por todos os seus direitos, no que concretamente diz respeito à luta desenvolvida pelas forças de segurança que, sem fim à vista, se arrasta há demasiado tempo, salvo melhor opinião, parece-me que não há nada que justifique a manutenção deste espetáculo vergonhoso, perfeitamente evitável, que não dignifica ninguém.
Por mais que, estrategicamente ou não, se tente descredibilizar a luta das forças de segurança, quanto mais se arrastar esta situação de confronto da Polícia de Segurança Pública, da Guarda Nacional Republicana e da Guarda Prisional com o Governo, mais difícil e problemático será encontrar para ela uma saída airosa e a contento de todos, especialmente do governo, o grande responsável pela abertura desta caixa de pandora, quando decidiu melhorar exclusivamente as condições remuneratórias da Polícia Judiciária, cujas consequências não se fizeram esperar.
Ninguém percebendo se foi por distração, incompetência ou avaliação tendenciosa da situação, o certo é que o governo, fazendo tábua rasa do princípio consagrado de, “para trabalho igual salário igual” e menosprezando ostensivamente os direitos e as dificuldades da PSP, da GNR e da GP, por única e exclusiva culpa sua, se enredou numa perigosa camisa de onze varas, da qual, convenhamos, não será fácil libertar-se.
Nestes termos, porque isso não faria qualquer sentido, seria inaceitável que, para resolver esta argolada, o governo cedesse à tentação de cair noutra pior, exigindo-se a quem falhou que tenha a coragem e a dignidade de assumir as suas responsabilidades, reconhecer a grave injustiça que cometeu par com as outras forças de segurança e, embora salvaguardando o que têm em comum e a especificidade de cada uma delas, fazer tudo, mas mesmo tudo, para que, de imediato, se proceda à justa e necessária uniformização das suas condições de trabalho.
Nas atuais condições, e de uma vez por todas, é indispensável compreender que a PSP, a GNR, a PJ e a GP sãos um conjunto de forças de segurança que se complementam e apoiam, cuja única razão de existir é a salvaguarda da segurança do país no seu todo, das instituições e das pessoas e bens, e que é uma miragem perigosa esperar que forças de segurança desmotivadas, cumpram as nobres missões que lhes estão confiadas, sem que para isso lhes sejam facultados os meios materiais técnicos e humanos indispensáveis, condição sine qua non, para se sentirem valorizadas e respeitadas, tanto por parte das hierarquias como das comunidades em que estão inseridas.
Infelizmente, no caso vertente da PSP, e dito com todas as letras, isto é a antítese do que devia ser, terminando tudo na referida miragem falaciosa. (CONTINUA)

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