A opinião de ...

2025 - Notas soltas no início de um novo ano que promete (1)

Não restam dúvidas que, quando queremos, os portugueses somos mesmo os maiores.
Pena é que, contra o que seria espetável, por que fadário ou maldição, preguiça, comodismo, ou sei lá o quê, em vez de aproveitar as oportunidades que se nos vão deparando, as deixemos fugir, passando o tempo a navegar na espuma dos acontecimentos, tomar a nuvem por Juno, desperdiçar energias a caçar moscas, discutir o sexo dos anjos, malbaratar recursos e competências sem qualquer critério ou resultados visíveis.
I - Nesta ordem de ideias, é no mínimo absurdo, que numa população a rondar os dez milhões de habitantes, que ainda ninguém tenha vindo a público justificar ou explicar, em termos que toda a nossa gente consiga entender, com que moral se permite que os bancos, que cada vez prestam menos e piores serviços, especialmente aos seus clientes com menos literacia financeira, que a coberto duma incompreensível atividade, o roçar o “chuloparasitismo” mais execrável, retribuam com taxas miseráveis, a rondar o zero (!) por cento, os quase duzentos mil milhões de euros em depósitos que lhes confiaram em 2024 para depois, sem decoro nem vergonha, espremerem até à última gota do seu sangue, com taxas escandalosas, todos aqueles que precisem de recorrer ao crédito.
A isto, até provas em contrário, em bom português e com todas as letras, chama-se ESPECULAÇÃO E ROUBAR quem poupa e quem trabalha.
II - Antes, a maioridade e a responsabilidade, atingiam-se aos 18 anos mas, na nossa democracia, velha de mais de cinquenta anos, as coisas não são bem assim, e a maioria dos seus eleitos, eleição após eleição, são o que se vê, mais infantis na análise dos factos e na elaboração dos raciocínios que os meninos da primária, cuja única e grande preocupação se resume em navegar ao sabor da corrente na tentativa de se eternizarem no lugarzinho, (atenção que não digo no tachinho) que conseguiram na maior agência de emprego em que transformaram a democracia do pós vinte e cinco de abril.
III – Respaldados na nossa vetusta e veneranda Constituição, também não tememos meças com ninguém, sobretudo a reclamar, e com toda a razão, o nosso direito à saúde, à educação, ao pão e à habitação.
Mas, lá vem outra vez o irritante desmancha prazeres de um mas, como em tantas outras importantes situações desta vida, só por magia, por devaneios de noites mal dormidas ou pela ilusão desses direitos estarem consagrados na nossa veneranda Constituição, a não ser que alguém goste de ser enganado, haja quem, em seu perfeito juízo, acredite que eles se possam concretizar com um assobio ou o estalar de um dedo. Era bom era, mas…

Edição
4019

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