Mais uma reentrada política contaminada pela síndrome do sinecurismo
Decorridos cinquenta anos depois da esperança geral nascida na manhã radiosa do vinte e cinco de abril e do enorme entusiasmo e alegria incontida com que foi celebrado o primeiro de maio desse mesmo ano, era tempo mais que suficiente para que toda a nossa gente fizesse uma análise objetiva do que foram estes cinquenta anos para, de pés bem assentes na terra, projetar responsavelmente, se não outros tantos anos, pelo menos, os tempos mais próximos.
Sobre este assunto, a manterem-se as atuais crises e desvarios de toda a espécie surgidos nos tempos mais recentes um pouco por todo o mundo, com especial enfoque na invasão criminosa da Ucrânia pela Rússia e no massacre de cidadãos israelitas perpetrado pelo Amas vai para uma ano, que despoletou uma reação devastadora das forças de defesa de Israel, crises sem fim à vista que ameaçam nunca mais ter fim, tudo leva a crer que os tempos que se avizinham não serão nada fáceis, especialmente em países com uma economia aberta como a nossa, exposta às flutuações dos mercados.
No atual contexto, o mínimo que se espera e exige de todos os partidos com assento na Assembleia da República, é que sejam responsáveis e honestos consigo próprios e com quem os elegeu, e não cedam à tentação de transformar a discussão do OE para 2025 em mais numa espécie de feira fraca da ladra, feira em que, sem decoro nem vergonha, onde tudo se apregoa, se negoceia, se hipoteca e se vende ao desbarato.
À classe de papagaios e pegas bem falantes que se passeiam pelos passos perdidos do palácio de S. Bento, é preciso lembrar que o sol, quando nasce, não é só para satisfazer interesses pessoais, de grupos ou de classes.
Atendendo ao muito que está em jogo na aprovação ou na reprovação da proposta de orçamento dum país de recursos limitados como o nosso, onde uma percentagem assustadora das pessoas vive abaixo do limiar da pobreza e a grande maioria dos serviços essenciais, da responsabilidade do estado, para terem a qualidade a que todos os cidadãos têm direito, precisam que neles sejam feitos grandes investimentos que não deixam margem para desperdiçar um único cêntimo, nada justifica que a atividade dos deputados se resuma a uma série fastidiosa de jogos florais entre eles, sem qualquer interesse para os contribuintes, cujos impostos financiam a tesouraria da Assembleia da República que lhes paga os ordenados e que, protegidos e bem instalados á sombra da vetusta, veneranda e anquilosada Constituição do século passado, como crianças mimadas e birrentas, contra a vontade geral da maioria da população, continuem a divertir-se com a ameaça supina e descabelada de provocar novas eleições antecipadas, cujos custos custariam, só,(!) trinta milhões de euros.