A opinião de ...

Não brinquemos com a saúde e respeitemos quem trabalha (2

De um leitor assíduo do Mensageiro, recebi um postal ilustrado no qual, depois dos votos da época de Natal, escreveu o seguinte“ post scriptum” :
“Bater nos atuais responsáveis pela área da saúde, é o mesmo que bater em mortos. Se durante tantos anos no governo, com as pipas de dinheiro que lhes passaram pelas mãos, não fizeram o que deviam ter feito, muito menos o farão agora, em que a única preocupação dos políticos é continuar a garantir a sua continuidade na órbita do poder, caminho aberto para continuarem a disfrutar, por mais quatro anos, de todas as suas benesses, prebendas e mordomias”.
Na presença de uma análise como esta, que não augura nada de bom, resta esperar que não seja demasiado tarde para que, com a coragem, o profissionalismo e a lucidez indispensáveis, se possa evitar o colapso total do SNS, o que, não sendo fácil, ainda será possível desde que:
1-Em termos gerais, de uma vez por todas, o campo de recrutamento para cargos de gestão e de chefia dos serviços do estado, deixe de ser uma coutada exclusiva das jotas, das claques e das cliques dos partidos, acabando com a lastimável praga de incompetentes e parasitas que vivem à sombra da política e, para evitar “certas coisinhas de que por aí se fala”, redimensionar os quadros da função pública de acordo com as necessidades de cada departamento, aproveitando as economias de escala para melhorar os vencimentos e as condições de trabalho dos profissionais e dar algum conforto e dignidade a todos os espaços utilizados pelos utentes.
2 – No que respeita às áreas da saúde, pela sua especificidade e pelo adiantado estado de degradação a que chegaram, para evitar que o barco vá ao fundo, há situações graves a corrigir urgentemente, das quais se destacam:
- A teimosia bizarra de continuar a desviar a atenção das pessoas com expressões vazias de sentido, como “esperamos que”, “o SNS está a responder bem”, “estamos a fazer o possível”, ou a desfaçatez e a leviandade do elemento da Comissão Executiva que, não se sabendo se por iniciativa própria, ou para fazer um frete a alguém, veio à TV desvalorizar a gravidade da crise do SNS, numa linguagem vergonhosa, ao nível da verborreia de um qualquer doutor de meia tigela, sustentada em raciocínios primários duma lógica ridícula, de que são exemplo flagrante afirmações omo: “Aquilo que vemos na comunicação social são pontos de vista, e podemos correr o risco de pensar que tudo o que lá vem é a realidade plasmada e unívoca”, “ponto de vista não é mais nem menos que isso, ponto de vista”, “muito do que se diz são pontos de vista, é a vista de diversos pontos”, apetecendo perguntar-lhe: E mais?
Palmas, mas, com gente desta,… estamos conversados. (Continua)

Edição
3968

Assinaturas MDB