A opinião de ...

Bazuca

Não tenho opinião formada sobre António Costa e Silva, cruzei-me com ele, apenas uma vez, na Gulbenkian, mas não duvido das suas competências, não só pelas notícias públicas como ainda pela confiança que me desperta ter sido escolhido para liderar a Partex por Eduardo Marçal Grilo um dos administradores mais sensato, prudente e zeloso da Fundação da Praça de Espanha. Nada do que escreveu, divulgou e defendeu merece, grande reparo ou oposição. Sendo esse, precisamente, o seu mais provável defeito. É um plano suficientemente genérico para abranger todos os propósitos, para albergar todos os legítimos anseios. De tal forma que, a todos dando cabimento, a nenhum, em especial, reserva lugar privilegiado ou com qualquer destaque. Traduzo esta análise na dupla condição como olho para ele: enquanto cidadão estou perfeitamente confortável com os objetivos, prioridades e orientações do enunciado; enquanto nordestino não posso deixar de me sentir frustrado por não ver nenhum rasgo, nenhuma rutura, nenhum arrojo que possa fazer, efetivamente, a diferença nos territórios mais desfavorecidos deste país cada vez mais desigual!
Entendo bem as críticas e a desilusão com que o PRR foi acolhido no interior norte.
Contudo.
Vendo bem, a proposta de Costa e Silva, era expectável. O gestor tendo um conhecimento generalizado do tecido económico do país não consultou, ao que se saiba, os poderes locais do interior e menos ainda os visitou. Há, não tenho dúvida, um conhecimento regional que não foi devidamente vertido para o documento que o Governo apresentou, em Bruxelas, antes de todos os outros países europeus. Mas, os autarcas e demais autoridades nordestinos, fizeram de forma diversa? Consultaram os cidadãos, as forças vivas, os seus representantes, as associações, as agremiações e agências de desenvolvimento. Não há memória que o tenham feito. É preocupante o conhecimento, vindo a público de algumas intenções absurdas, estapafúrdias, exuberantes e inúteis onde alguns pretendem espatifar as fatias do bolo que pretendem que seja suficientemente gorda para adequadamente “enriquecerem” a sua próxima campanha eleitoral. Seria bom atender ao que, preventivamente foi dito pelo Presidente da República, no passado dia 21 de julho, em Leiria, a este propósito: “O dinheiro não é do Governo, nem da oposição, nem do partido A, B ou C. O dinheiro foi obtido pelos portugueses para os portugueses, que têm o direito a dizer uma palavra sobre esse dinheiro”.
É bom retomar o velho ditado chinês do peixe e do pescador. Obviamente que se há, notoriamente, uma necessidade urgente de peixe, a solução de futuro não passa pela compra de pescado. Mas igualmente não basta comprar canas de pesca (muito menos adquirir as mais vistosas e dispendiosas). O importante, o que faz falta, o verdadeiramente necessário é, sem dúvida nenhuma, aprender a pescar. E isso só é possível com a colaboração, empenho e dedicação de todos os potenciais pescadores. De outra forma, comprar material de pesca, por mais sofisticado que seja, pode ser ainda pior do que gastar tudo direta e exclusivamente na lota.

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