O valor dos encontros pessoais
Não trago aqui nada de novo que possa acrescentar ao que toda a gente sabe quanto aos encontros de grupos que é normal realizarem-se anualmente: encontros de militares, de anos de conclusão de cursos, de famílias, de celebrações do ano de casamento e demais aniversários que marcaram a vida de muitas pessoas.
É por isso que creio de todo relevante trazer aqui a comemoração dos sessenta anos de curso do Magistério Primário de Bragança de 1962 – 1964 que vai já em dois anos de comemorações – um o ano passado, em Bragança e um este ano de 2025, em Fátima.
Não me tendo sido possível estar presente em Bragança, convivi este ano em Fátima, para o qual com imenso gosto redigi estas humildes quadras:
Os nossos cabelos brancos
Os nossos cabelos brancos
E as nossas vozes doridas
São dos mais belos encantos
Das nossas horas vividas.
Crescem na nossa memória
Muitos momentos felizes
Como presentes da história
Presos a fortes raízes.
Esta lembrança é saudade
E dá-nos tanto vigor
Que a nossa avançada idade
Se faz idade menor!
Quantas horas de alegria,
Horas de tanta riqueza,
Que para nós cada dia
Foi encanto e foi beleza!
Também horas de amargura
Tivemos de combater…
Mas, para nossa ventura,
Fizemos por esquecer.
Soletrar, ler e contar,
Cantar, amar e sorrir…
Nos sonos que houve, a sonhar,
Levámos botões a abrir.
Fomos mães e fomos pais
E irmãos como ninguém…
Nos rostos vimos sinais
Como enfermeiros também.
Visando, ao longe, horizontes,
Demos asas à poesia.
Pelas planícies e montes,
Colhemos luz que extasia!
Esperanças e quimeras
Foram milhares talvez.
Cantámos as primaveras,
Com toda a voz que se fez.
Voz de crianças crescidas,
Que soubemos embalar
Nas horas muito sentidas
Na nossa vida a guardar!
Manuel António Gouveia
(Adaptado e aumentado do original do autor para a Casa do Professor de Carcavelos)