A opinião de ...

Breve ensaio a ditadura (imposta) do secularismo

Começo este breve preâmbulo para dizer que o tempo hodierno não é nada mais do que o reviver de histórias e processos antigos, não com os mesmo protagonistas (é claro), mas com um seguidismo mais refinado, mais calculado e mais apurado. Falo, naturalmente, do neo-marxismo e do novo absoluto que se afirma, cada vez mais, nas entranhas da humanidade: o secularismo.
Mas o que é o secularismo? Esta ideologia – protelada por tantos meios e plataformas e por tantas escolas académicas ou linhas políticas – tem como finalidade última prescindir de Deus e colocar o homem no centro de si mesmo. Ora, “se o homem se descentra de Deus e se centra em si mesmo, que é o mesmo que dizer que a razão se converte num absoluto e o homem se dobra sobre si, necessariamente a afirmação do ‘eu’ impõem-se sobre toda a realidade” (Frei Ignacio Larrañaga).
Nasce, portanto, a ‘ditadura do eu’. O centro sou eu e para este eu tudo deriva. Curioso que este caminho fora preparado e apontado pelos chamados “filósofos da suspeita”, a saber: Feuerbach com o seu ateísmo humanista, Marx com o seu materialismo dialético (socialismo) e Nietzsche com o seu conceito de super-homem (em alemão, übermensch). Outro facto curioso é que, apesar da queda do socialismo soviético, os marxistas perceberam que o caminho da sobrevivência ideológica desta doutrina passaria pela intelectualidade, isto é, mudar e influenciar positivamente os conteúdos académicos, gnosiológicos e programáticos das escolas europeias para que, desde a base, se faça sentir a influência desta ideologia. Se estiverem atentos, vejam quais são os valores ideológicos dos nossos programas de ensino ou quais as linhas editoriais de muita da imprensa nacional! Nós estamos de tal maneira já embrenhados nesta cultura que nem nos apercebemos: somos peixes desta água e, sem ela, parece que nada faz sentido. Aqui a “Escola de Munique” teve o grande papel de espalhar e de fundamentar pela Europa Ocidental a ideologia desta doutrina sob uma capa de neo-socialismo mais europeu e mais humanista. Surgem aqui duas palavras de ordem: progressismo e humanismo ateísta.
É por esta razão que a Fé em Jesus Cristo, Nosso único Senhor e Deus, se torna adversa para esta ideologia, pois a fé é maior das epifanias uma vez que nos faz ver e sentir que somos dons de um amor maior, de que nada é nosso e que tudo é de todos e para o uso de todos, de que somos escolhidos e eleitos, de que só serei eu quando de mim sair.
Então, quais as consequências do secularismo e deste neo-marxismo? A insularidade. Tornamo-nos ilhas. E sós, somos facilmente manipuláveis, vazios de sentido e seres debilitados. Nós somos seres sociais, projectados para a partilha, para a doação, a para a comunhão, para viver em comunidade, para amar e fazer amar. Esta insularidade traz consequências devastadoras para a ética e para a moral: uma ética anti-humana e uma moral permissiva.
(continua na proxima edição)

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3780

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