A opinião de ...

O amor tem a forma da cruz

“O amor tem uma forma de cruz”. Bela esta expressão. O amor, em vez de ter a forma do coração, tem a forma da cruz. Nos tempos actuais e na cultura dominante a cruz está fora de moda. A cruz é escandalosa! O mundo de hoje rejeita a cruz e não concebe que o acto maior de amar implica – sempre – abraçar a cruz. Na verdade, a cruz recorda-nos como é árduo e trabalhoso amar, onde a opção pelo amor nos exige sempre tudo.
Assim, compreendemos que a opção de Jesus de tudo dar e de tudo amar encontra na cruz, de forma tão paradoxal, o sinal maior do amor divino. Vejamos: Jesus nunca teria aceite a cruz e a morte por meros sentimentos ou sentimentalismos, mas, antes, aceita este ‘escândalo’ e esta ‘loucura’ pelo amor inominável à humanidade e para cumprimento da vontade do Pai e das promessas bíblicas.
A dor e o sofrimento encontram um novo sentido na cruz de Cristo. N’Ele, a dor e sofrimento, passam a ser o meio para a transformação do nosso eu, da nossa alma, da nossa vida. É como que o combustível em que o fogo do Espírito Santo transforma e modela. Se olharmos com atenção para a cruz, damo-nos conta de que, nela, encontramos os quatro elementos do sacrifício, a saber: o altar, o cordeiro (o imolado), o sangue e o fogo. Assim, o altar é a cruz, o cordeiro é próprio Cristo, o sangue é do imolado e o fogo é o Espírito Santo.
Nesse sentido, a cruz, como sinal maior da doação, da oblação e do amor, é o meio mais privilegiado para a santificação, uma vez que, ao deixarmo-nos transformar e moldar pelo Espírito Santo, somos por Ele configurados em Cristo, tornando-nos autênticos e legítimos discípulos de Jesus Cristo como está escrito: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24).
Se, por um lado, a cultura dominante diz que o amor é apenas paixão e sentimento, por outro, o Magistério ensina que a paixão e o sentimento são bons se levarem o amor a torna-se mais pleno e autêntico, a dirigi-lo mais além, a torná-lo capaz de se doar e se dar em sacrifício e como sacrifício.
E para si caríssimo e estimado leitor, qual é a sua forma do amor: o coração ou a cruz?

Edição
3811

Assinaturas MDB